ATA DA OCTOGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 16-10-2002.
Aos dezesseis dias do mês de outubro de dois mil e
dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni,
João Antonio Dib, João Bosco Vaz, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo
Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum, Raul Carrion e Zé Valdir. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Alberto
Garcia, Carlos Pestana, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel,
Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo
Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência
de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a
distribuição em avulsos de cópias da Ata Declaratória da Octogésima Quarta
Sessão Ordinária que, juntamente com as Atas Declaratórias da Octogésima
Segunda e Octogésima Terceira Sessões Ordinárias, foi aprovada. À MESA, foram
encaminhados: pelo Vereador Cassiá Carpes, os Pedidos de Informações n°s 210,
211, 212 e 213/02 (Processos n°s 3096, 3097, 3098 e 3099/02, respectivamente);
pela Vereadora Clênia Maranhão, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João
Carlos Nedel, 39 Pedidos de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo n°
194/02 (Processo n° 3090/02). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 603, 604
e 605/02, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. A seguir, o
Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a legislação eleitoral
atualmente em vigor, destacando a necessidade de que os Senhores Vereadores, em
suas manifestações da Tribuna, se abstenham de realizar pronunciamentos e
utilizar materiais de campanha que possam ser considerados propaganda irregular
pelo Tribunal Regional Eleitoral. Ainda, o Senhor Presidente prestou
informações sobre as medidas que estão sendo tomadas para fiscalizar as
transmissões dos trabalhos deste Legislativo, realizadas pela TV Câmara, de
modo a evitar a ocorrência de infrações à referida legislação. Após, o Senhor
Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Marlon Romney
Willrich, representante da Associação Comunitária Agro-Industrial de Barão, que
criticou atitudes praticadas por agente de trânsito da Empresa Pública de
Transporte e Circulação – EPTC, denunciando ter o referido agente violado
fechaduras do automóvel de Sua Senhoria, a fim de remover o veículo do local
onde se encontrava estacionado. Nesse sentido, questionou a atitude tomada pelo
agente de trânsito da EPTC, externando sua contrariedade à mesma e solicitando
providências quanto ao fato. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento,
os Vereadores Adeli Sell e Clênia Maranhão manifestaram-se sobre o assunto
abordado durante a Tribuna Popular. Também, o Vereador Luiz Braz manifestou-se
acerca do pronunciamento efetuado pelo Senhor Marlon Romney Willrich. Às
quatorze horas e quarenta e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e quatro minutos,
constatada a existência de quórum. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, 2ª
Sessão, estiveram os Projetos de Lei do Executivo n°s 062, 063, 064, 065, 066 e
067/02, discutidos pelos Vereadores João Antonio Dib, Adeli Sell, Marcelo
Danéris, Aldacir Oliboni, Zé Valdir e Maristela Maffei. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão manifestou sua preocupação com as medidas
econômicas adotadas pelo Governo Federal, notadamente quanto à elevação das
taxas de juros bancários e os potenciais efeitos que essa medida acarretará à
população, através do repasse desses juros aos consumidores finais dos serviços
bancários. Também, fez uma avaliação sobre o aumento do número de mulheres
eleitas para cargos nos Poderes Executivo e Legislativo no pleito eleitoral
ocorrido no dia seis de outubro do corrente. O Vereador Ervino Besson registrou
o transcurso, hoje, do Dia Mundial do Pão, convidando os Senhores Vereadores
para participarem de festividades a serem realizadas hoje no Parque Moinhos de
Vento, promovidas pelo Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitarias e
de Massas Alimentícias e Biscoitos do Estado do Rio Grande do Sul. Nesse
sentido, salientou a essencialidade desse alimento na dieta dos brasileiros
discorreu sobre as principais dificuldades enfrentadas pelos panificadores no
exercício do seu trabalho. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença
de alunos, da professora Mariluce Campos de Oliveira e da auxiliar de
disciplina Clara da Silveira, todos do Colégio Cruzeiro do Sul, informando que
Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem do Projeto de
Educação Política desenvolvido pelo Memorial da Casa junto a escolas e
entidades de Porto Alegre e Região Metropolitana. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador João Antonio Dib criticou o Governo Municipal, no que se refere à
aplicação de recursos públicos no sistema financeiro nacional. Nesse sentido,
analisou dados publicados no Diário Oficial do Município, acerca de valores
arrecadados através de tributos, justificando que o orçamento público deve ser
elaborado com vistas a priorizar a realização de obras de infra-estrutura que
beneficiem a população da Cidade como um todo. Na ocasião, foi apregoado
Requerimento de autoria do Vereador João Antonio Dib, subscrito pelo Vereador
Raul Carrion, solicitando a constituição de uma Comissão Temporária Externa
para acompanhar e propor solução diante da situação enfrentada pelos servidores
do Montepio dos Funcionários do Município de Porto Alegre, bem como avaliar a
situação patrimonial e financeira da Entidade. Após, nos termos do artigo 94, §
1°, “g”, do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL ao Vereador
Beto Moesch, que relatou a participação de Sua Excelência, em Representação
Externa deste Legislativo, no Seminário Sobre o Meio Ambiente e Eventos
Paralelos, realizados do dia vinte e três ao dia vinte e sete de junho do
corrente, na Cidade do Rio de Janeiro – RJ. Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 079, 167, 176, 179,
180, 183, 184, 186 e 177/02, este discutido pelos Vereadores Zé Valdir e Luiz
Braz, os Projetos de Lei do Executivo nºs 060 e 061/02, o Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 003/02, discutido pelos Vereadores João Antonio
Dib, Adeli Sell e Juarez Pinheiro, os Projetos de Resolução nºs 098, 099, 100,
102 e 097/02, este discutido pelo Vereador Zé Valdir; em 3ª Sessão, os Projetos
de Lei do Legislativo nºs 170, 181 e 182/02, o Projeto de Resolução nº 096/02,
discutido pelo Vereador Juarez Pinheiro. A seguir, o Vereador Ervino Besson
manifestou-se acerca do Dia Mundial da Alimentação, comemorado hoje, entregando
ao Senhor Presidente um pão, presenteado pelo Sindicato das Indústrias de
Panificação e Confeitarias e de Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado do
Rio Grande do Sul - SINDIPAN - RS, como símbolo dessa data. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Sebastião Melo discorreu a respeito do recolhimento,
transporte e destino final do lixo em Porto Alegre, afirmando que a Prefeitura
Municipal não tem cumprido a lei de licitações públicas para a execução desse
tipo de serviço. Ainda, alegou haver falta de transparência na celebração de
contratos entre o Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU - e empresas
que recolhem o lixo na Cidade. O Vereador Elói Guimarães referiu-se ao
pronunciamento efetuado pelo Vereador João Antonio Dib, no que tange à
aplicação de recursos públicos no sistema financeiro nacional, defendendo que o
orçamento municipal seja elaborado de modo a suprir as necessidades da população
e argumentando que o Programa de Orçamento Participativo não pode deliberar
além de sete por cento das receitas tributárias do Município. O Vereador Raul
Carrion saudou o Dia Mundial da Alimentação, comemorado hoje, tecendo
considerações sobre os aumentos dos insumos na fabricação do pão, especialmente
da farinha de trigo. Também, protestou contra a política sócioeconômica
implementada pelo Governo Federal, avaliando dados da dívida pública brasileira
e as conseqüências da variação cambial sobre os preços dos produtos e serviços
colocados à disposição da população. O Vereador Carlos Pestana replicou
denúncias apresentadas durante o pronunciamento realizado pelo Vereador
Sebastião Melo, no que concerne à possibilidade de irregularidades no DMLU,
declarando que tais informações carecem de fundamento. Ainda, explicou os
critérios para a celebração do contrato nos serviços de recolhimento de lixo em
Porto Alegre, ressaltando que o Tribunal de Contas do Estado não constatou
irregularidades nessas avenças. O Vereador Luiz Braz teceu considerações sobre
a diversidade de correntes doutrinárias existentes no cenário político
nacional, destacando o surgimento de novas tendências políticas por ocasião da
proximidade do segundo turno das eleições deste ano. Nesse aspecto,
considerando a aproximação entre representantes de forças políticas
antagônicas, advertiu sobre a possibilidade do surgimento de uma nova
ideologia, qualificada por Sua Excelência como Neo-Socialismo. Na ocasião, o
Vereador Sebastião Melo manifestou-se sobre correspondência enviada pela
Senhora Adriana Nunes Pautian a Sua Excelência, participando sua condição de
Diretora-Geral do Departamento de Previdência Municipal de Porto Alegre,
solicitando providências quanto ao cumprimento de legislação que determina a
manifestação deste Legislativo quanto à nomeação de Diretores do referido
Departamento, ao que o Senhor Presidente determinou a formalização por escrito
dessa solicitação, tendo o Vereador Juarez Pinheiro manifestado-se a respeito.
A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e
aprovado Requerimento verbal do Vereador Dr. Goulart, solicitando alteração na
ordem de apreciação da matéria constante da Ordem do Dia. Foi aprovado o
Requerimento nº 025/02 (Processo nº 0680/02 – Moção de Repúdio pela demissão de
pilotos da Viação Aérea Rio-Grandense - VARIG e de toda a Diretoria da
Associação de Pilotos da VARIG – APVAR), de autoria do Vereador Adeli Sell, por
dez votos SIM, seis votos NÃO e três ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação
pelos Vereadores Adeli Sell, Elói Guimarães, Luiz Braz e Isaac Ainhorn, em
votação nominal solicitada pelo vereador João Antonio Dib, tendo votado Sim os
Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Dr. Goulart, Isaac Ainhorn, Marcelo
Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Sofia Cavedon e Zé
Valdir, Não os Vereadores Almerindo Filho, João Antonio Dib, João Bosco Vaz,
Luiz Braz, Pedro Américo Leal e Reginaldo Pujol, tendo optado pela Abstenção os
Vereadores Beto Moesch, Elói Guimarães e Paulo Brum e tendo o Senhor
Presidente, face Questões de Ordem e manifestações dos Vereadores João Antonio
Dib, Sebastião Melo, Adeli Sell e Isaac Ainhorn, prestado informações acerca da
tramitação desse Requerimento. Foi aprovado o Requerimento nº 149/02 (Processo
nº 3063/02 – Sessão Solene para entrega do Título Compromisso com a Criança e o
Adolescente), de autoria da Mesa Diretora. Foi aprovado o Requerimento nº
150/02 (Processo nº 3084/02 – Grande Expediente para homenagear o Dia do
Médico), de autoria do Vereador Dr. Goulart. Foi aprovado o Requerimento nº
148/02 (Processo nº 3039/02 – Grande Expediente para homenagear os quarenta
anos de fundação do Lions Clube Porto Alegre Redenção), de autoria do Vereador
João Carlos Nedel. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do
Vereador Dr. Goulart, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando votação em
destaque para o artigo 2º do Projeto de Lei do Legislativo nº 055/02 (Processo
nº 1211/02). Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do
Legislativo nº 012/01, com ressalva das Emendas a ele apostas, por vinte e três
votos SIM, após ser encaminhado à votação pelo Vereador Nereu D’Avila, em
votação nominal solicitada pelo Vereador João Antonio Dib, tendo votado os
Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia,
Carlos Pestana, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza,
Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Marcelo Danéris,
Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal,
Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon e Zé Valdir. Foram votadas
conjuntamente e aprovadas as Emendas nºs 01 e 02, apostas ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 012/01. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de
Lei do Legislativo nº 055/02, com ressalva do destaque a ele aposto. Após, foi
votado destacadamente e rejeitado o artigo 2º do Projeto de Lei do Legislativo
nº 055/02. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do
Legislativo nº 064/02. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de
Resolução nº 072/02. Às dezoito horas e três minutos, constatada a inexistência
de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto
Garcia, João Carlos Nedel e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Paulo
Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores
1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Solicito aos Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras um minuto de atenção: quero lembrar que nós continuamos em pleno
processo eleitoral. Estamos em pleno 2.º turno.
Por
que eu faço essa afirmação? Porque durante todo o 1.º turno as Sr.as
Vereadoras e os Srs. Vereadores foram zelosos quanto à ocupação da tribuna
desta Câmara, no sentido de não infringirmos a Legislação Eleitoral, que veda
toda e qualquer propaganda a partir exatamente, não da nossa tribuna, mas
através da divulgação na TVCâmara. Infelizmente, terminado o 1.º turno, vários
Vereadores – não vou aqui nominá-los, mas são vários Vereadores -, talvez
esquecendo-se de que pelo fato de não serem mais candidatos ou porque os
Vereadores não são mais candidatos tenham utilizado da tribuna para fazer de
forma explícita campanha a favor desse ou daquele candidato ou para atacar esse
ou aquele candidato, o que também é vedado pela lei. Nós temos sido obrigados a
rever todos os nossos VTs – já que, felizmente, neste caso, a Sessão da Câmara
não é transmitida imediatamente, ela só é transmitida ao final da tarde. Então,
nós somos obrigados a repassar depoimento por depoimento e estamos retirando
todos os depoimentos que porventura afrontarem a legislação porque, caso
contrário, sabemos que a penalização que o TRE acabará nos impondo é a retirada
em definitivo - até o dia 27 -, do programa do ar, e além da multa que
certamente este Poder Legislativo acabará tendo de pagar. O grande problema é
que isso acarreta custos para a Câmara Municipal de Vereadores, ou seja, o
dinheiro público que, por uma desatenção das Sr.as Vereadoras e dos
Srs. Vereadores, acaba sendo utilizado, eu diria até de uma forma indevida, na
medida em que somos obrigados a pagar para que a empresa possa fazer a revisão
das fitas, fazer o corte nas falas dos Srs. Vereadores e das Sr.as
Vereadoras, e, conseqüentemente, editarmos o programa para que ele possa ser
veiculado no final da Sessão. Estou encaminhando hoje, depois de tratarmos do
assunto junto à Mesa Diretora, um ofício a todos os gabinetes para que as
senhoras e os senhores Parlamentares possam ser relembrados do momento
eleitoral que estamos vivendo, e, conseqüentemente, possam voltar a tomar as
cautelas e as precauções que o momento político exige. Volto a lembrar que,
além de ser vedada a manifestação a favor ou contra qualquer um dos candidatos
em âmbito estadual ou federal, as Sr.as e os Srs. Vereadores não
poderão estar na tribuna utilizando qualquer adesivo que contemple a propaganda
de um ou de outro candidato. Lembro que não está vedado, naturalmente, o porte
do símbolo partidário. Isso, obviamente, está acima da própria Legislação
Eleitoral, porque ela é atemporal. O que está vedado que se faça é a utilização
de qualquer símbolo que, de uma forma clara, seja uma manifestação a favor de
um ou de outro candidato. Eu solicito que as Sr.as e os Srs.
Vereadores tomem os cuidados devidos, porque, de toda a forma, esta
Presidência, desde o início, juntamente com a Coordenação de Comunicação, tem
tomado todas as cautelas para que nós não veiculemos, não retransmitamos coisas
que a legislação não permita. Na verdade, o Parlamentar estará usando de forma
livre a sua palavra e, obviamente, não podemos impedir que o faça da tribuna,
mas quero alertar que, em primeiro lugar, essa manifestação não irá ao ar pela
TVCâmara; em segundo lugar, estará obrigando a empresa contratada pela Câmara a
fazer uma revisão total da fita, uma edição da fita, retirando todo o
pronunciamento que colidir com as normas aprovadas pelo Congresso Nacional, que
são colocadas a nossa disposição, controladas e fiscalizadas pelo Tribunal
Regional Eleitoral.
Agradeço
a atenção dos meus nobres pares, tendo a certeza de que, a partir de hoje,
vamos tentar ao máximo evitar esse contratempo. Passo a presidência dos
trabalhos ao Ver. Paulo Brum. Obrigado.
(O
Ver. Paulo Brum assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à
Hoje
na Tribuna Popular temos a presença da Associação Comunitária Agro-Industrial
de Barão. O assunto: conduta de prestadores de serviços ao Município de Porto
Alegre: EPTC e Auto-socorro Vigilante.
Com
a palavra o Sr. Marlon Romney Willrich.
O SR. MARLON ROMNEY WILLRICH: Ex.mo Sr. Presidente dos
trabalhos, Ex.mos Srs. Vereadores e platéia que se encontra presente
os meus respeitos.
O caso que me traz à Tribuna desta Casa, na Sessão de hoje, é uma situação bastante atípica que aconteceu comigo e com mais uma pessoa. E dentro dessa atipicidade pode ser uma situação também que tenha ocorrido com parentes, amigos e conhecidos dos Vereadores e de grande parte da população de Porto Alegre. No dia 23 de maio o veículo de minha propriedade estava estacionado na Rua General Auto em frente ao n.º 220, localizada entre as ruas Demétrio Ribeiro e Fernando Machado. Atrás do meu automóvel estava estacionado um Renault Twingo em frente ao n.º 224, um prédio antigo, reduzido a uma janela e uma porta; é um prédio comercial que vende água mineral. Pois bem, o fato que causa intriga e me deixou bastante insatisfeito foi com relação ao auto de infração lavrado nesse dia onde diz que o meu veículo às 8h45min estaria em frente ao n.º 224. E ao mesmo tempo, às 8h40min, ou seja, 5 minutos antes, em frente a esse mesmo número estava estacionado a Renault Twingo. São dois automóveis estando no mesmo lugar. O auto de infração, com relação à Renault Twingo, n.º 644883 é bem claro quando o agente de trânsito colocou: “proibido estacionar, carga e descarga privativa”. E botou um asterisco: “veículo estacionado fechado, sem motorista” e, posteriormente, colocou outro asterisco colocando “veículo aberto”. O mesmo aconteceu com o meu automóvel, estava trancado, fechado, no mesmo lugar e ele colocou: “proibido estacionar, sem motorista, veículo aberto” e colocou asterisco, no mesmo lugar e praticamente numa diferença de 5 minutos. Só isso não me intrigou, o que mais me deixou assustado nesse comportamento, foi que ambos automóveis foram adentrados pelo porta-malas, pelo porta-malas. Eu tenho a declaração da proprietária do Renault Twingo de que teve avarias no seu carro; esse carro foi adentrado pelo porta malas com um tipo de ferramenta que até agora não se sabe qual foi, e o meu carro também, inclusive o meu automóvel está no pátio do Auto-socorro Vigilante desde a data do dia 23 de maio, esperando que alguém porventura queira fazer uma perícia ou constatar a veracidade do fato que está sendo aqui afirmado. Houve, sim, violação da fechadura do meu automóvel, conseqüente abertura da porta esquerda e abertura dos vidros. Outra coisa também que fica a critério, ou que fica, no mínimo, suspeito é como conseguiram abrir a trava da direção do meu automóvel sem ter entrado dentro do veículo. Esse é um dos fatos. Vou mais adiante, após esse procedimento todo, dirigi-me à EPTC, no mesmo dia 23, e registrei uma solicitação de providências n.º 148/2002, não tive resposta até hoje, nem por escrito como havia sido prometido. Esse recurso já valeria também, como o próprio Ouvidor Sr. Marcelo, na época, tinha colocado, diz bem assim: “Diante do exposto, pede pela anulação do auto de infração tendo em vista que o veículo encontrava-se em local permitido pela responsabilização do agente de trânsito e do guincheiro, anulação das despesas referentes ao recolhimento do veículo, guincho e estada”. Muito bem, até hoje eu não tive resposta nenhuma. E o meu carro foi violado, as fechaduras foram violadas.
Após isso, dirigi-me ao Ministério Público no Setor de Atendimento da Casa de Cidadania, onde foi aberto um inquérito pelo Ministério Público com todas as declarações aqui expostas. A partir daí, iniciou-se uma investigação do Ministério Público que redundou na oitiva de três testemunhas, entre elas, o operador de guincho e o azulzinho que estava presente. Eu até tenho em mãos, aqui, e se algum Vereador tiver interesse, ou a Direção da Casa, em cópias, com certeza podemos providenciar. Aqui, palavra do azulzinho, no termo de declaração 089/02: “Constatou então que os dois veículos tinham as tampas dos porta-malas destrancadas, chamou o guincho, presenciou quando o motorista do caminhão do guincho entrou nos dois veículos para soltar o freio de mão, a modo de facilitar o guinchamento, então prova, corrobora, reforça o depoimento do azulzinho de que alguém entrou, efetivamente, nos veículos. Pode-se ver que ele não mexeu em mais nada dentro dos veículos. Achou estranho que ele estivesse entrado nos automóveis, porque, em geral, ele solta o freio de mão entrando por baixo, não sabe de que maneira o condutor do guincho tenha agido dessa forma, talvez por comodismo. O declarante não havia recebido nenhuma orientação específica da EPTC sobre como agir nessas circunstâncias. É questionável o preparo dos agentes também, que numa situação dessas não sabem como reagir, e depôs isso em documento oficial, junto ao Ministério Público.
Por
outro lado, temos o depoimento do Sr. Marcelo Goulart Simões, que é o motorista
do guincho, que deve ter, segundo o depoimento do azulzinho, adentrado no veículo, e não sei qual foi o tipo de chave
usada, mas esse disse que teria sido chamado pelos fiscais da EPTC, havia um
veículo Twingo e um Scort, cuja tampa traseira, a porta e o vidro do lado do
motorista estavam abertos. Ele disse que nem os fiscais da EPTC, nem ele,
ingressaram no interior dos veículos. Às vezes, é possível soltar o freio de
mão para desengatá-lo sem danos. Nos dois casos em questão não foi preciso agir
dessa maneira. O declarante, orientado pela empresa para quem trabalha, nunca
ingressou nos veículos a serem guinchados e confirma que no dia da questão não
ingressou em nenhum dos veículos, sendo inverídicas as afirmações encontradas e
prestadas por testemunhas ouvidas pela Promotoria. Ora, os azuizinhos disseram que eles entraram no automóvel, não sabe como
nem por que, talvez por comodismo, e o guincho diz que não. Há testemunhas que
presenciaram os fatos e disseram que viram. Uma das testemunhas, a doutora
Beatriz disse que o local é próximo da residência, pretendia que o veículo
fosse examinado por mecânico, essa pessoa iria comprar o veículo. O veículo foi
deixado trancado, engatado, com a direção travada e as duas rodas viradas em
direção à calçada, já que o freio de mãos não estava funcionando, dizendo que
iria chamar o proprietário, e quando chegou o guincho, por volta das 9 horas,
ao comparecer no local, verificou que o Scort já estava preso ao caminhão de
guincho e com o vidro aberto do lado do motorista. Ora, se qualquer cidadão,
independente de cargo público, é chamado, ou o meliante tem uma chave, uma mixa
ou uma “são pedro”, tem capacidade de abrir um carro, sendo chamado, muitas
vezes, de arrombador, eu não tenho outro nome para dar para uma atitude dessas,
porque eu preciso de minha chave para entrar no meu carro, enquanto uma pessoa
que pode estar sendo protegida por algum órgão público, tem autoridade
suficiente para entrar do meu veículo e abrir a porta. Quem faculta esse tipo
de atitude? Eu queria saber do porquê dessa atitude. E por que da emissão de
notificações, em caráter aleatório, em caso de 5 minutos apenas, um veículo
ocupava o mesmo lugar do outro e ainda assim houve duas multas diferentes no
mesmo espaço, no mesmo local, no mesmo tempo.
Vamos
para adiante, eu tenho mais testemunhas aqui que foram ouvidas também. Não
obstante disso, há mais documentos aqui que houve, sim, irregularidades
comprovadamente, porque até a EPTC no parecer da ACJUR n.º 324 de 2002,
responsabilização da Empresa Auto-Socorro Vigilante por ato praticado pelo
motorista de guincho, que antes de efetuar a remoção do veículo tenha entrado
no interior. A EPTC mesmo providenciou que a Auto-Socorro Vigilante fosse
advertida, este é um documento emitido pela EPTC... (Mostra o documento.) que
diz que declarou, em folha n.º 06, do Expediente Administrativo, que o
funcionário do guincho antes de realizar a remoção dos carros abriu a porta
traseira dos veículos para soltar os freios e facilitar a remoção. Eu não
acredito que nenhuma pessoa que seja pertencente a órgão público, pessoa
pública, seja o desembargador, seja um promotor de justiça admitiria também que
tal fato acontecesse, de tal semelhança. Não se pode admitir. Eu, como cidadão,
não posso admitir que pessoas estranhas simplesmente por achar que o carro está
regular ou irregular adentrem no meu automóvel, com um tipo de ferramenta que
não se conhece, nem mesmo a EPTC sabe dizer; o guincheiro diz que não entrou,
então, há uma contradição muito grande e aconteceram realmente esses fatos.
Então,
eu faço presença nesta Casa pedindo, porque eu ainda acredito no Poder Público,
por parte também dos legisladores, já que se trata de uma prestadora de
serviço, que tomasse alguma providência para dirimirmos esta situação aqui e
evitar que mais cidadãos dentro do Município sofram esse tipo de prejuízo.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Convido o Sr. Marlon Romney Willrich a
fazer parte da Mesa.
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente, eu gostaria que a
Associação Comunitária Agro-Industrial de Barão fosse operosa com todas as
questões que dizem respeito à conduta. E a primeira coisa que o Sr. Marlon
deveria ter reconhecido, para poder falar da conduta dos outros, é a
irregularidade do seu automóvel, que ele omitiu. Segundo lugar, os horários
mencionados pelo depoente não combinam com os documentos que temos em mãos.
Terceiro lugar, ele esquece de dizer que não há nenhum lugar e não há nada
escrito de automóvel aberto, por isso há um asterisco onde diz “fechado”, e ele
explica que o carro estava aberto. Portanto, não condiz com as informações
prestadas. Então, temos que repor a verdade.
A
Tribuna Popular da Câmara não pode se servir, numa véspera eleitoral, para que
uma Associação que ninguém conhece, do interior do Estado, que uma pessoa venha
aqui fazer críticas à conduta dos azuizinhos.
Nós podemos ter erros, podemos ter problemas, os reconhecemos; e o senhor
procurou algum outro Vereador para saber da legislação de Porto Alegre sobre
essas questões? O senhor coloque o seu carro em dia para depois vir reclamar
nesta Casa do Povo, porque aqui é uma Casa de respeito. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, a Tribuna Popular é utilizada
por entidades que, de acordo com o Regimento, estão condizentes com as regras
da Casa e vêm aqui para fazer comunicação. As pessoas que vêm aqui fazer essas
comunicações não podem ser desrespeitadas e desacatadas, porque senão vamos
acabar não tendo a possibilidade de recebermos de forma condigna nenhum desses
visitantes, a não ser que esses visitantes agradem ao Ver. Adeli Sell. Não pode
acontecer isso! Os visitantes vêm aqui dizer o que pensam.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a
palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras, queríamos saudar a presença do Sr. Marlon da Associação Comunitária
Agro-Industrial de Barão. Quero dizer a V. S.ª que é sempre um prazer para esta
Casa receber a comunidade, quando a comunidade tem uma reivindicação ou uma
posição que representa o pensamento da entidade que ocupa a Tribuna Popular,
independente do conteúdo agradar ou não um Vereador, independente de agradar ou
não a uma Bancada. O objetivo da Tribuna Popular é exatamente fazer com que o
Parlamento possa escutar mais proximamente as posições trazidas pelos cidadãos
que se sentem ou lesados ou que gostariam de apresentar sua opinião aos nossos
parlamentares.
Portanto,
acho que o senhor cumpriu com a sua função e, nesse sentido, acho que foi
importante para a Casa conhecer essa avaliação.
Eu
presido, nesta Casa, a Comissão de Defesa do Consumidor e, para concluir, Sr.
Presidente, queria afirmar que a nossa Comissão está acompanhando essa questão,
assim como inúmeras outras questões são reclamações com relação a EPTC. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Não havendo mais nenhuma Bancada que
queira se manifestar, agradecemos a presença do Sr. Marlon Romney Willrich da
Associação Comunitária Agro-Industrial de Barão e suspendemos a Sessão para as
despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h43min.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum - 14h44min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos
à
DISCUSSÃO
PRELIMINAR
(até 06 oradores/10 minutos/com aparte)
2ª SESSÃO
PROC.
3005/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 062/02, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de
2003.
PROC.
3006/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 063/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro
de 2003.
PROC.
3007/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 064/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Água e Esgotos para o exercício econômico-financeiro
de 2003.
PROC.
3008/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 065/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Habitação para o exercício econômico-financeiro de
2003.
PROC.
3009/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 066/02, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC - para o exercício
econômico-financeiro de 2003.
PROC.
3018/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 067/02, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos de Porto Alegre
para o exercício econômico-financeiro de 2003.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra em Pauta Especial.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
ainda estou querendo saber por que a Prefeitura mantém tanto dinheiro em CDBs.
São 130, 140, 150, 176 milhões de reais. Poderá parecer estranha a pergunta que
estou fazendo, porque alguém seria capaz de dizer que não estou debatendo a
proposta orçamentária para o próximo ano, mas estou debatendo, sim. Eu não
consigo saber por que a Prefeitura, que deve cobrar impostos e transformá-los
em obras e serviços para os munícipes, que pagam esses impostos, resolva fazer
aplicações em CDBs. Vejo que na proposta orçamentária deste ano, apresentada
agora para o próximo ano, a Prefeitura parece não acreditar na cidade de Porto
Alegre, porque a proposta orçamentária tem um acréscimo em relação a 2002 de
4%. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, será que não temos nem crescimento
vegetativo? É impressionante, na proposta orçamentária, qual é a rubrica que
vai crescer mais? É a que diz “remuneração de depósitos bancários”. Ela vai
crescer 73%, o que prova que não há administração nesta Cidade, que não há
Orçamento nesta Cidade, há ajuda aos banqueiros, que enriquecem mais com o
dinheiro do povo aplicado em CDBs a 1,3%, 1,4%, 1,5% ao mês. A Prefeitura não
sabe o que é custo social. Se o dinheiro do povo não for transformado em obras
e serviços, será incompetência administrativa, sim, não é outra coisa. Dirão os
doutos que é bom ter dinheiro para poder realizar as obras e para poder fazer
empréstimos. Eu até poderia pensar que era verdade se eu fosse distraído, mas
eu não sou distraído.
Vejam
V. Ex.as que, no ano de 2002, a Prefeitura tem uma programação de
obras, tem uma programação de investimentos de 92 milhões, 364 mil, 667 reais e
um centavo. E, no dia 31 de dezembro de 2001, o Prefeito que abandonou a Cidade
tinha no sistema bancário, em CDBs, 123 milhões, 394 mil, 607 reais e 54
centavos. Dinheiro em CDBs, enriquecendo os banqueiros, porque quanto mais se
coloca dinheiro em CDBs, quanto mais se coloca dinheiro em poupança, mais os
banqueiros ganham. E, depois, eles falam dos banqueiros. Mas o Prefeito que
abandonou a Cidade também tinha em caixa, em conta corrente, 43 milhões e 500
mil reais, em números redondos; e tinha, vinculado a contas bancárias 13
milhões e 500 mil reais.
Mas
dos 92 milhões de reais em investimentos deste ano, estão aqui: 33 milhões, 20
mil, 297 reais e 78 centavos, da 3.ª Perimetral. Estão aqui, das vias
estruturais, 5 milhões e 800 mil reais. E o Prefeito quer aumentar impostos.
Ele só emprega o dinheiro. Aliás, não é em um único mês, são todos os meses, e
aqui está assinado, e acho que este o Secretário da Fazenda, que costuma não
assinar, manda assinar pelo seu segundo, porque ele não tem tempo em assinar os
documentos, mas este aqui está assinado pelo Secretário da Fazenda, pelo
Prefeito, porque a Lei de Responsabilidade Fiscal diz que ele tem de colocar os
números certos. Então, há 179 milhões e 801 mil reais aplicados em CDBs. Uma
Prefeitura não existe para aplicar dinheiro do povo em CDBs. Não posso admitir
que o dinheiro do povo de Porto Alegre se transforme em CDBs, e que o maior
acréscimo de receita da Prefeitura seja pela aplicação em CDBs. Isso é não
saber administrar. E querem cobrar mais impostos. Estão achando que é pouco o
dinheiro que a Prefeitura tem. Em junho deste ano, ela tinha 137 milhões de
reais em CDBs e tinha vinculado, da 3.ª Perimetral, 32 milhões de reais. E todo
o ano, ela vai fazer 92 milhões de reais de obras. Eu acho que a Prefeitura
devia mandar urgentemente um projeto diminuindo os valores das alíquotas do
ISSQN, do IPTU, porque, realmente, a Prefeitura não precisa de mais dinheiro.
Não sabe usar o dinheiro que tem, ou usa muito mal o dinheiro que tem, porque
eu vejo que estão esperando empréstimo para resolver as obras do conjunto da
Conceição, do Viaduto e Túnel, que vão custar 1 milhão e 800 mil reais. Mas
quem tem 150 milhões em CDBs não pode esperar! Ou vão querer que caia alguma
coisa lá de dentro do Viaduto, uma parte de um pilar ou qualquer coisa, é isso
que eles querem? Para depois dizer que é uma emergência e aí vão fazer uma
licitação estranha? Um milhão e 800 mil reais, está aqui previsto nos 92
milhões de reais. Se o Prefeito diz que precisa de 9 milhões de reais para
resolver o problema de alagamento no Parcão, que resolve Floresta, Auxiliadora,
São João, Navegantes e São Geraldo, ele está esperando empréstimo para o ano
que vem, em setembro. Mas isso é afronta para o povo de Porto Alegre. O povo
pagou os impostos e quer ver as obras e quer ver os serviços, e eu quero ver os
doutos me dizerem agora que é importante ter dinheiro em CDBs para fazer
empréstimos. Eu vi o Dr. Loureiro da Silva fazer empréstimo para fazer
hidráulica no Menino Deus quando a Prefeitura não tinha crédito, e teve que
restabelecer primeiro o crédito, e recebeu. Lá está a hidráulica, lá está o
DMAE, glorioso, poderoso. Eu lembro o Presidente Franklin Delano Roosevelt, na
recessão americana, ele não botou o dinheiro em CBDs. O que ele fazia? Mandava
abrir buracos por uns e fechar buracos por outros, apenas para dar emprego.
Emprego gera mais emprego; desemprego gera mais desemprego. Então, ele
empregando pessoas com baixos salários, produziu a riqueza dos Estados Unidos.
Agora, a Prefeitura de Porto Alegre aplica em CDBs. E o grande aumento de
receita da Prefeitura na sua proposta orçamentária está nos CBDs. Mas isso é
desaforado, isso é um afronta à inteligência dos Vereadores, é um afronta ao
povo de Porto Alegre, de quem quer se tomar mais imposto. Não sabem usar o
dinheiro que têm, esses 140 milhões de reais, em média, de CDBs, que número
impressionante de empregos criariam na Cidade. Imaginem o túnel e o viaduto da
Conceição, 1 milhão e 800 mil reais, empregariam muita gente. É um pouco mais
de 1% do que a Prefeitura tem em CDB. A área de pluvial, com 10 milhões de
reais, quanta gente empregaria, Ver. Oliboni? Então nós temos de usar o
dinheiro do povo em obras e serviços, e essas obras e serviços darão mais
empregos e esses empregos darão mais empregos e esses darão mais riqueza, porque
emprego gera emprego e desemprego gera desemprego.
Prefeito
João Verle, use o dinheiro do povo para obras e serviços não para CDBs. Não
precisa crescer 73% na previsão de receita para o ano que vem em CDBs. O
dinheiro do povo é para obras e serviços e não para CDBs. Saúde e paz! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, inicialmente, eu queria registrar uma
preocupação, que acho que é hoje uma preocupação de todos os brasileiros, com a
alta de três pontos percentuais indicados na Selic, na taxa básica de juros da
economia. A preocupação nossa é a preocupação dos consumidores brasileiros de
como essas mudanças vão afetar o nosso poder de compra e o poder de compra
fundamentalmente dos setores populares, dos trabalhadores, que hoje já têm uma
enorme dificuldade de sobreviver com os salários que recebem no final do mês. A
preocupação de como esses juros serão repassados através do comércio para os
consumidores da nossa Cidade e um alerta para que todos os consumidores fiquem
atentos, porque normalmente, nessas circunstâncias, acontece um repasse dos
juros no sistema bancário. Normalmente, esses aumentos nos serviços bancários
não são detectados facilmente pelos consumidores usuários do sistema bancário,
que já é um setor que tem lucros astronômicos no Brasil, e que numa
circunstância dessa tende ainda mais a aumentar os seus serviços, prejudicando
os consumidores usuários dos sistemas bancários. É muito importante que os
usuários dos sistemas bancários fiquem atentos, porque, como não há uma
regulamentação em relação ao sistema bancário, os bancos se prevalecem dessa
circunstância para onerar ainda mais os serviços bancários no Brasil.
Queria
ainda, rapidamente - desta tribuna -, começar a fazer uma avaliação das
repercussões políticas positivas que as eleições deste ano trouxeram na
representatividade feminina no Parlamento brasileiro, quer seja no Senado, no
Congresso ou nas Assembléias Legislativas Estaduais. O Congresso brasileiro
eleito neste ano será o Congresso mais feminino da história política
brasileira. Houve um crescimento da representação feminina na ordem de 45% em nível
federal, no Congresso brasileiro. Dos 513 Deputados, 42 Deputadas foram eleitas
e no nosso Senado, dos 81 Senadores, 10 são mulheres. Dez Senadoras brasileiras
formarão a Bancada de mulheres no Senado. Isso muda, evidentemente, o cenário,
a representação política do ponto de vista de gênero na política brasileira.
Se
fizermos uma avaliação do que aconteceu nos Estados, também nas eleições de
2002, é importante percebermos que houve um aumento de 25% da representação das
mulheres nas Assembléias Estaduais.
É
muito interessante analisar também quem foram essas mulheres eleitas, o seu
perfil político. Eu conversava, anteriormente, com o Ver. Adeli Sell sobre isso
e ele chamava a atenção para o fato de que essas mulheres eleitas são mulheres
não descendentes de oligarquias, mas mulheres que foram eleitas pelo trabalho
construído na sociedade civil brasileira.
Então,
é importante avaliarmos essa nova realidade política brasileira, porque sabemos
que não há democracia sem a democracia de gênero. Portanto, essa eleição trouxe
também esse avanço para a sociedade brasileira. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta Especial.
O SR. ADELI SELL: Ver. Paulo Brum na presidência dos
trabalhos, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores.
Orçamento. Em primeiro lugar eu quero dizer ao Ver. João Dib que foi, eu acho,
um problema de linguagem, desacerbação, falar em licitação estranha. Não pode
haver licitação estranha, pois licitação é licitação e, se ela for estranha,
tem de ser investigada, e esse é o nosso papel, dos legisladores. Mas eu perdôo
esses lapsos, pois, sem dúvida nenhuma, Nossa Senhora do Caravaggio irá nos
perdoar.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, V. Ex.ª nunca deve me perdoar por arroubos
de linguagem na tribuna, porque eu faço sempre arroubos matemáticos e a
matemática não falha.
O SR. ADELI SELL: Mas licitação estranha não existe; licitação
é com base na Lei n.º 8.666, tem preceitos e esses preceitos são seguidos
regiamente pela Procuradoria-Geral do Município e pelas nossas Secretarias.
Portanto,
vamos tirar isso, efetivamente, do debate desta tarde, porque nós temos de
debater não aritmética, mas temos de debater a matemática. Porque sobre essa
questão dos CDBs, quem aumentou o juro de 18 para 21 não foi o meu Partido;
quem fez as negociações com o Fundo Monetário Internacional foi o atual
Presidente; quem se submete ao spread internacional
não somos nós, é o Banco Central. E eu acho que seria criminoso que uma
Prefeitura, não tendo contas para pagar no dia, não fizesse aplicação
financeira no banco, perdendo dinheiro que é um dinheiro público. Portanto,
essas são as regras do mercado. O mercado existe para a esquerda, para o centro
e para direita. Existe gente que ainda não aprendeu isso, tanto da direita,
como do centro, como da esquerda. Mas o mercado existe e nós não vamos deixar
dinheiro mofando embaixo do colchão sem aplicá-lo para render para fazermos as
obras que nós estamos fazendo. Inclusive eu espero que, hoje, a gente possa
fazer a reunião conjunta das Comissões, para discutir e decidir o financiamento
da entrada da Cidade, porque não se trata só de financiamento, trata-se de uma
parte substancial, também, do dinheiro público. E se as obras da 3.ª Perimetral
não estão totalmente concluídas, ainda, não é um problema de falta de dinheiro,
ou de falta de pagamento, é um problema de cronograma de obras. E às vezes
também há problemas; uma empresa foi à falência, por exemplo, atrasando toda
obra lá da Av. Baltazar. São ossos do ofício, Ver. Dib. Como é bom dialogar com
V. Ex.ª, poucos Vereadores da oposição estão atentos a esta questão do
Orçamento.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell,
no dia 30 de junho, último dado que o Secretário da Fazenda me forneceu, tinha,
em conta vinculada para a 3.ª Perimetral, além dos 137 milhões de CDBs - esse
eu não entendo - 32 milhões em conta vinculada, e para programação de todo o
ano é 33 milhões. Então está sobrando dinheiro e não está sendo aplicado. Tem
que ser aplicado. Dinheiro de impostos deve ser transformado em obras.
O SR. ADELI SELL: Está sendo aplicado. Mas nós não vamos
pagar obras inexistentes. Não vamos dar dinheiro para ninguém antes de a obra
ser concluída. Isso é óbvio! Isso é óbvio, Vereador. Mas eu quero fazer um
outro desafio, porque até agora não apareceu nenhum Vereador para discutir a
questão que eu levantei na última reunião; nem o Ver. Goulart, que é atento e
que quer mais dinheiro para a Saúde, como todos nós queremos. Agora, Ver.
Goulart, se aquela empresa que está fazendo a Feira de Filhotes ali no DC
Navegantes não pagar o ISSQN, como não pagou lá em Caxias, como não pagou em
duas aqui - mas desta vez vai pagar, porque nós estamos atentos -, o dinheiro
para a saúde continuará pequeno. Existe gente que sonega imposto. E quanto à
discussão sobre tributação aqui, quem sabe o senhor me dá a honra de entrar no
debate.
O Sr. Dr. Goulart: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu só queria dizer que há controvérsias. Há pequenas controvérsias.
Eu, com todo o respeito, venho pedir para darmos uma olhada naquela empresa que
está construindo o anexo do Pronto Socorro, que recebeu um “adiantamentozinho”
e não entrega a obra nunca. Só para lembrar isso. Com todo o respeito.
O SR. ADELI SELL: Vamos fazer uma Comissão, pode ser no
final do expediente, hoje, aqui, ou amanhã pela manhã. Vamos lá. Vamos
verificar. Eu estou pronto a qualquer momento para fazer qualquer investida
sobre qualquer obra da Cidade, sejam as obras do DEMHAB, que constrói casas
desde antes de o Ver. Carlos Pestana, durante a gestão do Ver. Carlos Pestana
e, agora, na do Sr. Flávio Helmann. Nós precisamos de casa... Por sinal, vamos
fazer um debate, Ver. Carlos Pestana, sobre o Orçamento do DEMHAB, vamos
mostrar os números.
O Sr. Carlos Pestana: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Adeli Sell, eu acho que é importante registrar que o
Departamento Municipal, hoje, está com um Orçamento de 48 milhões. Se traçarmos
um paralelo, por exemplo, com a proposta orçamentária que foi feita pelo
Governo Federal, no ano passado, para a habitação, em todo o País, vamos ver
que o Governo Federal propôs em torno de 120 a 130 milhões para todo o País.
Porto
Alegre, hoje, sem dúvida nenhuma, é o Município que mais investe em habitação
popular para pessoas de baixa renda. Então, há uma série de projetos
encaminhados. Eu tive oportunidade, quando fui diretor da Associação Brasileira
da COHAB, de conhecer a realidade e o conjunto das autarquias, COHABs,
Secretarias que existem no País e habitações para pessoas de baixa renda. Não
estou falando aqui de habitação para pessoas de classe média baixa, mas de
habitações para pessoas de baixa renda, aquelas localizadas em faixas entre
zero a três, zero a quatro salários mínimos. Proporcionalmente aos recursos
arrecadados, Porto Alegre é a Cidade que mais investe nessa área.
O SR. ADELI SELL: Imagine se nós não fizéssemos exatamente
isso que V. Ex.ª acaba de expor, o que seriam as ocupações irregulares. Nós,
inclusive, estamos acompanhando, meu Líder, Ver Marcelo Danéris, alguns
problemas no Belém Velho, que é uma zona que queremos preservar ao máximo - ao
máximo dos máximos -, como uma região para plantar ameixas e uvas e manter o
ambiente; estamos vendo ocupações irregulares sendo feitas por pessoas que não
são operadoras da área da construção civil. Inclusive, meu caro Pestana, se nós
não tivéssemos cuidado da habitação popular, das casas, enfim, nós teríamos
muito mais problemas que os que estamos tendo hoje, sem dúvida nenhuma, na Zona
Sul de Porto Alegre, onde, sistematicamente, pessoas que não têm nenhum
compromisso com a sociedade, pelo contrário, jogam pessoas em áreas
inadequadas, muitas vezes, à noite, de madrugada, para que, no dia seguinte,
isso se torne um fato consumado. Infelizmente, já tivemos guarida de alguns
setores aqui dentro desta Câmara que, inclusive, quando se discute a questão do
Orçamento, se fazem ausentes, porque não têm o que falar sobre o tema, porque
não têm a preocupação de estudar e ir a fundo nessa questão, e nós temos que
ir.
Mas
eu vou provocar o Ver. João Dib, mais uma vez. Eu quero que o Ver. João Dib,
diga como ex-Prefeito desta Cidade, que acompanha, como poucos - como poucos -
a questão orçamentária: quando vamos fazer o debate sobre tributação? Quem
arrecada, quem não arrecada, Ver. João Dib? Eu queria o seu auxílio, porque aí
nós poderíamos equanimizar alíquotas; nós poderíamos repetir o que fizemos em
1999, diminuir o ISSQN das empresas prestadoras de serviços, em alguns ramos.
Nós poderíamos voltar a discutir - como o Ver. Braz quer, como eu quero, como o
Nedel quer -, a questão das empresas de informática. Mas, se nós não
resolvermos essas questões de sonegação e essas questões de tributação, nós não
vamos a lugar nenhum.
Dou-lhe
alguns segundos, Ver. João Dib, mais uma vez.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, V. Ex.ª está no bom caminho, mas eu duvido
que o seu Partido apóie as suas idéias. As suas idéias são excelentes, mas eu
duvido que eles apóiem.
O SR. ADELI SELL: Apóiam, tanto que eu tive a unanimidade
aqui da nossa Bancada e desta Câmara para aprovar as isonomias que nós
propusemos em 1999. Pena que em 2000 foi quebrado esse processo tão importante
de discussão da tributação. Talvez neste ano eleitoral - malfadado ano em que
as pessoas, às vezes, até desaparecem aqui desta Casa do Povo - não consigamos
fazer, mas quem sabe abramos o debate agora, em cima do Orçamento, comecemos a
discutir os Projetos, e, no ano que vem, estaremos aqui para aprová-los, porque
o povo de Porto Alegre exige mudanças, exige saúde e bem-estar, e para isso
todos têm que pagar tributos, não só alguns. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Paulo Brum, Srs.
Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham
nas galerias, também as pessoas que nos assistem pela TVCâmara, eu queria
saudar todos.
Faço
uso neste momento do período de Comunicação de Líder do meu Partido, o PDT,
para, com muito orgulho, hoje, dia 16 de outubro, falar sobre o Dia Mundial do
Pão. Está aqui a camisa.
(Mostra
camiseta.)
(Aparte
inaudível, fora do microfone.)
É
verdade, vou agora me pronunciar a respeito do assunto que o nobre Ver. João
Bosco Vaz já está adiantando: O SINDPAN, Sindicato da Indústria de Panificação
e Confeitarias, Massas Alimentícias e Biscoitos do Estado do Rio Grande do Sul,
convida, em nome do seu Presidente e demais membros da Diretoria – faço o
convite a esta Casa – a todos que nos ouvem neste momento, para, hoje, às 16h,
comparecerem no Parcão, onde será festejado o Dia Mundial do Pão, que é o
alimento mais sagrado do nosso dia-a-dia. As pessoas vão ter a oportunidade de
ir lá e ver, meu caro Presidente, o maior pão do mundo; estará lá, hoje, às
16h, e será aberto ao público, e nós estaremos lá. Faço aqui o convite a todos,
em nome do SINDPAN, do seu Presidente e da sua Diretoria.
Eu
quero, com muito orgulho, do fundo da minha alma, abraçar cada panificador da
nossa Cidade, do nosso Rio Grande e do nosso Brasil. Eu tive a oportunidade, ao
longo da minha vida, de mais de 30 anos trabalhando, de conviver com essa
categoria, juntamente com o Sindicato; foi uma grande parte da minha vida. Digo
com muito orgulho que essa é uma passagem que eu nunca vou esquecer. E graças a
Deus ainda hoje convivo muito com os panificadores e com o Sindicato.
Essa
categoria, de janeiro para cá, com a alta do dólar, teve um aumento de mais de
100%. As minhas queridas donas-de-casa, que se encontram aqui nas galerias,
sabem disso, pois os homens não são muito de controlar preços, mas vocês
controlam o preço e sabem que a farinha teve um aumento, de janeiro para cá, de
mais de 100%. Com tudo isso, com toda essa dificuldade, os nossos queridos
panificadores ainda conseguem manter o seu preço de uma forma razoável para que
os nossos consumidores consigam ter, na primeira refeição do dia, o alimento
mais sagrado, que é o pão nosso de cada dia. Sinto-me muito gratificado, como
eu já disse, vendo as senhoras fazendo o sinal de positivo com a cabeça. O meu
abraço também a vocês.
Faço
o convite “um pouco em cima do laço”, quando faltam aproximadamente 45 minutos
ainda, e estaremos lá juntos, festejando o Dia Mundial do Pão. Que Deus ilumine
cada vez mais a nós, panificadores, o seu Sindicato, a sua Diretoria, para que
eles possam, cada vez mais, estar junto aos seus consumidores.
Com
toda a dificuldade do dia-a-dia enfrentada, com o terrível aumento da farinha
de trigo, eles conseguem ainda que o nosso consumidor tenha o seu pão quentinho
todos os dias na primeira refeição abençoada do dia.
Agradeço
a minha Bancada pela concessão do tempo de Comunicação de Líder para que eu
falasse aqui em nome da indústria de panificação do Estado do Rio Grande do
Sul. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos registrar as presenças dos
alunos da 3.ª série do Colégio Cruzeiro do Sul, que nos visitam nesta tarde,
acompanhados da Prof.ª Mariluce Campos de Oliveira e pela Auxiliar de
Disciplina Clara da Silveira. Essa atividade faz parte do Projeto de Educação
Política que o Memorial da Casa realiza junto a escolas e entidades de Porto
Alegre e da Região Metropolitana. Sejam todos bem-vindos.
O
Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, quero fazer o debate do Orçamento na Pauta
Especial que temos agora. Vou pular um pouco, Ver. Dib, a questão de ter
dinheiro em caixa, até porque esse é um debate sempre muito estranho, porque se
tem déficit em caixa, os governos, independente de quem sejam, são criticados.
São criticados porque têm rombo no caixa; se o caixa está zerado, também,
porque não existe caixa totalmente zerado. E se têm dinheiro em caixa, aí são
criticados também. Parece que para a população isso fica confuso.
Tento
simplificar num exemplo: um cidadão qualquer, que tem o seu salário e os seus
compromissos de pagamento, que ele tenha digamos 500 reais de salário, e os
seus compromissos de pagamento chegam a 500 reais, mas os seus pagamentos são
feitos no final do mês, e o seu salário é recebido no início do mês. Parece-me
que seria inteligente - e eu acho que boa parte da população faz isso -, tentar
aplicar boa parte do dinheiro que tem, exatamente para cuidar do seu próprio
dinheiro. O gestor público, por sua vez, tem que cuidar do dinheiro da
população, do dinheiro público, cuidar bem do dinheiro público. Conforme vão
entrando os pagamentos, vai saindo do caixa, assim como vão entrando receitas.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Marcelo Danéris, eu acho que V. Ex.ª coloca muito bem: o
dinheiro público deve ser muito bem cuidado, e ele só é bem cuidado quando ele
se transforma em obras e serviços. Mas são dados da Secretaria da Fazenda. Veja
V. Ex.ª que para 92 milhões de obras, tinha, em junho, 137 milhões em CDBs; 45
milhões em conta corrente, 3 milhões e meio em caixa, 32 milhões em contas
vinculadas para pagar os 33 milhões da 3°. Perimetral e mais os 5 mil e 800 das
vias estruturais, mais dinheiro do Fundo de Previdência dos Municipários e mais
outras contas vinculadas. Tinha 222 milhões de reais para 98 milhões de obras
para todo o ano. É muito mal-aplicado o dinheiro. Mas eu penso que o dinheiro
do povo deve ser muito bem cuidado.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Exatamente, até porque no seu próprio
exemplo V. Ex.ª falou a respeito da questão da previdência, que justificaria o
restante para além das obras, para o fluxo de caixa, e isso, além de tudo,
garante uma Prefeitura saneada financeiramente, garante, Ver. Elói Guimarães,
justamente os investimentos que podem ser buscados por intermédio de
financiamentos no exterior, como agora nós temos o exemplo num debate que
faremos aqui na Câmara, do Fonplata, para a Entrada da Cidade, como interno
também.
Ter uma Prefeitura saneada é bom para a população, ter cuidado com o dinheiro público é bom para a população. Isso faz o exercício de qualquer cidadão.
Quero
pegar alguns exemplos. No debate passado, foi trazido aqui, se não me engano,
pelo Ver. Sebastião Melo, que teria diminuído o dinheiro da saúde. O Ver.
Goulart estava aqui há pouco. Eu quero mostrar que no demonstrativo que está
junto ao Projeto do Orçamento, que, ao contrário do que se diz, tem um
investimento maior na saúde, e sim uma confusão feita, propositalmente, do meu
ponto de vista, nos dados. O que eu quero dizer com isso? Que na Secretaria
Municipal de Saúde foi realizado no ano de 2001, 17%; está fixado para 2002,
14%, que é um percentual histórico, quase, dos nossos governos aqui, e dos
últimos anos. E obviamente realizado mais, conforme a demanda e a necessidade
aumenta; mas, historicamente, Porto Alegre tem mantido o índice de investimento
em saúde de 14%, ou seja, 4% a mais do que os 10%, e bem a mais do que a média
nacional do que as prefeituras investem em saúde. A melhor média nacional chega
a 12%. E Porto Alegre coloca 14%, às vezes quase 15% fixada, mas realiza mais,
como está aqui. E tem previsto para 2003, já, 18,79%, o que demonstra que não
há nenhuma redução na questão da saúde, até porque saúde é uma das prioridades.
Quero dar esse exemplo, porque temos de ter o cuidado, aqui, quando fazemos o
debate do Orçamento, com os números que temos.
Mas
foi dado um outro exemplo, dizendo que as questões dos camelôs, por exemplo,
que é um problema que temos de tratar e resolver do ponto de vista econômico e
social na cidade de Porto Alegre, e há um empenho da Prefeitura nesse sentido,
e quem se envolve diretamente com esse assunto é a Secretaria Municipal de
Indústria e Comércio.
Ver.
Dib, eu lhe concedo um aparte, mas se for breve, porque estou tentando
desenvolver um raciocínio aqui.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu gostaria que me explicassem, porque eu não
entendi bem, que a Prefeitura está recebendo menos 22 milhões reais da proposta
orçamentária - é verdade -, do SUS, quando a saúde toda foi municipalizada em
Porto Alegre.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Já foi dada essa explicação na Sessão
passada, inclusive com aparte meu, de que o dinheiro que vem do SUS não
reduziu. Nós poderíamos fazer o debate demagógico e simplificador, se
quiséssemos aproveitar e dizer que o Governo Federal mandou menos dinheiro para
a saúde para Porto Alegre, que não é o caso. O que acontece é que o dinheiro do
SUS todo que vinha para a Prefeitura e depois era repassado. Parte desse
dinheiro, esse que o senhor está citando, 22 milhões, segundo o senhor, porque
eu não tenho esse dado aqui, em vez de vir direto para a Prefeitura está sendo
pago diretamente do Ministério para as entidades que envolvem saúde, hospitais,
clínicas, seja o que for. Então, não há uma redução. Já tinha dado essa
explicação em aparte.
Na
SMIC - retomo, aqui, o debate que estava fazendo -, também foi dito que haveria
uma redução de investimentos e, ao contrário, em 2001 foi realizado 1,48% do
Orçamento; tem fixado para 2002, 1,65% do Orçamento; e tem previsto para 2003,
1,84% do Orçamento. Obviamente que há uma curva ascendente nisso, o que
demonstra também que está sendo investido numa área importante, é uma demanda
popular. Isso é claro. E esse debate sobre a questão da indústria e comércio,
não só da questão dos camelôs, envolve um longo debate aqui na Câmara
inclusive.
Quero
falar, por último, do investimento em habitação. As diversas plenárias do
Orçamento Participativo colocaram a habitação como a sua principal prioridade.
E alguns dados ficam bem claros do quanto é investido em habitação no Município
de Porto Alegre, comparativamente a outros Governos, e, portanto,
comparativamente inclusive a discursos. Porque uma coisa é eu falar que
prioridade e habitação e outra é ver efetivamente na prática, no Orçamento, na
execução orçamentária o que é investido em habitação. No ano passado foram
colocados 37 milhões direto de investimento; para este ano, priorizada a
habitação de novo, 45 milhões. Esse número solto para a habitação, sem
referência, a pessoa pode não ter comparação de grandeza, de valor. Mas só para
ter um dado: o Governo Federal investe em habitação para todo o Brasil, este
ano, 109 milhões, Ver. Pestana; para todo o Brasil em habitação. Porto Alegre,
sozinha, colocou 37 milhões no Orçamento passado, e agora vai colocar 45
milhões; quase 50% só Porto Alegre coloca em habitação, comparativamente ao
Governo Federal que vai aplicar para todo o País - os 27 Estados da Federação -
109 milhões, Ver. Luiz Braz.
O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É uma pena
que a gente não vê habitações surgindo em Porto Alegre para justificar essa
aplicação de recursos.
O SR. MARCELO DANERIS: Pois eu o convidaria, Ver. Luiz Braz, a
ir na Lomba do Pinheiro, onde, há duas semanas, entregamos o início de uma obra
de cento e quarenta unidades habitacionais; convidaria para irmos na Cavalhada,
onde estamos realizando obras de mais de duzentas unidades habitacionais;
convidaria para ver as tantas obras, como o Condomínio Lupicínio Rodrigues,
Mário Quintana e tantos outros que nos colocam na situação da cidade no País
que mais investe em habitação, tendo uma média anual de mil unidades
habitacionais, um investimento direto anual em média de 8,5 milhões de reais,
anualmente. Vejam bem, o Governo do Estado anterior, o Governo Britto, investiu
5 milhões em habitação para todo o seu Governo - 4 anos. E nós investimos, só
para Porto Alegre, 8 milhões e meio por ano, o que dá mil unidades
habitacionais em média. Sem contar regularização e todo o restante. Isso nos
coloca nessa posição. Convido o Ver. Luiz Braz, poderemos visitar vários
condomínios habitacionais que existem em Porto Alegre, os loteamentos, as
regularizações e nós veremos, na prática, na vida real das pessoas, essa
mudança e essa prioridade de habitação em Porto Alegre. Muito obrigado
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Aldacir Oliboni está com a
palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras, população que nos assiste pelo Canal 16, em primeiro lugar,
eu queria fazer o meu agradecimento aos 18.391 eleitores que confiaram e
votaram em mim nas últimas eleições. É importante dizer que nós, que somos lá
do bairro, lá da vila, lá do movimento sindical e que procuramos dar a atenção
devida a essas pessoas, contribuir de uma forma decisiva para que, a cada
eleição, tanto como qualquer um Vereador aqui, possa ser bem aceito pela
população de Porto Alegre e pelo Estado do Rio Grande do Sul.
O
assunto que me traz aqui é o Orçamento e eu gostaria de enfocar é a questão da
saúde pública; até porque nós acompanhamos de perto, não só as necessidades,
mas principalmente os investimentos feitos nessa pasta. Observamos que o
Governo Federal procura investir, a cada ano, pagando a dívida externa mais de
80 bilhões de reais, e investe na saúde apenas 20 bilhões. Isso dá uma
demonstração clara de que não é prioridade a área da saúde; ao contrário do que
vemos aqui em Porto Alegre, onde, a cada ano que passa, os investimentos são
cada vez maiores, não só para serviços, como também para recursos humanos. E na
questão dos recursos humanos, nós poderíamos dizer que de 1996 para cá, quando
a nossa Secretaria possuía em torno de dois mil servidores, hoje possui mais de
oito mil servidores, incluindo sete mil trabalhadores efetivados e mais de mil
estagiários que hoje fazem a sua experiência nas nossas atividades básicas,
como por exemplo no HPS. Mas é importante salientar que os investimentos não
param só aí. Se observarmos, em 1996 tínhamos apenas nove unidades de saúde e
temos, hoje, em Porto Alegre, cento e doze unidades de saúde; e essas unidades
de saúde estão distribuídas em diversos bairros da Cidade.
Eu
vou, aqui, demonstrar claramente que não é só através desses investimentos:
ampliação dos postos de saúde, ou de PSFs, que a Prefeitura Municipal investe,
mas todos sabemos que mais de 40% dos serviços aqui prestados vêm do interior
do Estado, inclusive, grande parte deles são investidos no HPS que
possivelmente o nosso colega Dr. Goulart é testemunha disso.
Na
semana passada, na inauguração da nova UTI pediátrica, foram investidos milhões
de reais para poder viabilizar não só o atendimento dos pacientes de Porto
Alegre, como do Estado do Rio Grande do Sul. Honra-me o seu aparte, Dr.
Goulart.
O Sr. Dr. Goulart: Querido Ver. Oliboni, muito obrigado
pelo aparte, eu que tenho, nesta tribuna sempre feito a delação contra o
Executivo e contra a sua saúde, agora me rendo e sou obrigado, como observador
da saúde, a vir cumprimentar essa parte do serviço.
Ali
no Pronto Socorro se criou a primeira UTI pediátrica do Brasil, não existe
outra UTI. Nós visitamos e V. Ex.ª visitou comigo e aí estão os primeiros
aparelhos, aparelhos de Primeiro Mundo.
Portanto,
estão resguardadas as crianças que sofrerem um trauma, ou seja, o HPS
continuando, sempre, a ser pioneiro no seu grande trabalho.
Nesse
ponto está de profundo parabéns o Executivo de Porto Alegre e V. Ex.ª que
defende esse pensamento. Parabéns.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Muito obrigado, Dr. Goulart. É
importante salientar que esses investimentos são necessários. Nós sabemos também
que a cada dia que passa, nós que temos relação com a comunidade, percebemos
que muitos outros serviços devem ser abertos, mas se observarmos que a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre investe em torno de 17, 18% anual, do seu
Orçamento e assim mesmo não é suficiente, é preciso que haja solidariedade do
Governo Federal para encaminhar mais recursos para esta Pasta.
Observando
isso nós entendemos que esses cento e doze PSFs, ou unidades de saúde em Porto
Alegre, que acabam viabilizando o atendimento médico, possam ainda não ser
suficientes, mas temos também mais de vinte e um hospitais conveniados e, na
sua maioria, são filantrópicos, que acabam prestando os atendimentos de grande
complexidade.
Vocês
podem observar, já lhe dou o aparte, Ver. João Dib, que a grande maioria desses
procedimentos de grande especialidade vêm do interior do Estado e por isso
dizem que é praticado, em algumas prefeituras do interior a ambulância-terapia.
Nós
observamos claramente isso, o Hospital Conceição, o Hospital de Clínicas e
outros hospitais são, sem dúvida nenhuma, uma caravana de ambulâncias vindas do
interior do Estado.
Isso
não quer dizer que somos contrários, nós somos favoráveis porque eles também
são pessoas humanas e precisam ser atendidas onde tem esse atendimento especializado.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Aldacir Oliboni, eu gosto de falar com as pessoas que
entendem do assunto, e V. Ex.ª entende muito de saúde, como também o Vereador
Dr. Goulart, mas nós não podemos nunca esquecer que o Governo Federal, além do
dinheiro do SUS, mantém aqui o Grupo Hospitalar Conceição, mantém o Hospital de
Clínicas, e quase que semanalmente vem mais dinheiro, que todos nós Vereadores
recebemos informação do Ministério da Saúde, para Porto Alegre.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Falou muito bem o Ver. João Dib, até
porque o Hospital Conceição e o Hospital de Clínicas são Hospitais modelos para
nós. Visto que o Hospital de Clínicas não só recebe Orçamento do Ministério da
Saúde, mas também do Ministério da Educação. E ele sem dúvida nenhuma tem a sua
folha garantida, e por isso, como prestador de serviço, é exemplo para todos
nós, que deve sim ser ampliado para toda a população do Estado do Rio Grande do
Sul, como também o Hospital Conceição que tem a Medicina Comunitária, exemplo
de modelo para o Estado e para o País. Mas nós queremos muito mais, pois o
entorno de Porto Alegre, isso é, a Grande Porto Alegre que não tem nenhum
hospital geral, e serve-se dos serviços de Porto Alegre, acaba inchando; essa
situação torna-se difícil e a população de Porto Alegre tem dificuldade, às
vezes, para marcar um especialista, ou um médico aqui em Porto Alegre.
Acreditamos
que com a vontade política que existe dos governos para poder viabilizar esse
atendimento, o Orçamento Municipal, através do aumento de recursos anual,
viabilizando a ampliação dos postos, com a saúde preventiva e viabilizando o
atendimento de grande complexidade nós estaremos trabalhando para poder
amenizar o sofrimento da população de Porto Alegre, e acreditamos que com esses
serviços novos abertos, como é o HPS, como também o da vigilância sanitária que
acaba possibilitando o controle das epidemias, nós estamos no caminho certo
para poder viabilizar a solução de parte dos problemas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para
discutir a Pauta Especial.
O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há
críticas que são justas, porque elas são precisas tanto na valoração quanto na
determinação do objeto da crítica. E há críticas que não são adequadas. Eu
divido essas críticas inadequadas em dois tipos: aquelas que são injustas,
porque são críticas “demolitórias”, porque são críticas niilistas e que não
guardam nenhuma correspondência com a vida, com a realidade e há outro tipo de
crítica que parte de uma avaliação errada do objeto da crítica, que em vez de
ser uma crítica, torna-se um elogio. Há críticas que são feitas
sistematicamente nessa discussão do Orçamento que são verdadeiros elogios,
porque o objeto da crítica não foi bem avaliado e ele é valorado de forma
equivocada. Eu classifico como uma crítica-elogio a crítica de que nós estamos
investindo em CDB, que nós aplicamos o dinheiro que eventualmente sobra no
fluxo de caixa, no sistema financeiro. Por que essa crítica? Aliás, não é à-toa
que essa crítica não é feita pela totalidade dos Vereadores, ela é feita por um
Vereador sistematicamente, mas é uma crítica muito interessante e tomo essa
crítica pelo lado positivo, ela é um elogio, na medida em que admite, primeiro,
que a Prefeitura de Porto Alegre é uma Prefeitura saneada; segundo, ela admite
que nós cuidamos do dinheiro público. Nós procuramos valorizar o dinheiro
público até o último centavo; eventualmente o dinheiro público que sobra do
fluxo de caixa nós investimos para que a população de Porto Alegre possa
usufruir desses recursos da melhor maneira possível, para que esses recursos
possam render.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Zé Valdir, V. Ex.ª sabe o respeito que eu lhe tributo,
mas não posso aceitar que V. Ex.ª me diga que uma Prefeitura que, no dia 30 de
junho, tinha nos bancos 222 milhões de reais, sendo que 135 milhões de reais em
CDBs e tinha uma programação de obras para todo o ano de 92 milhões de reais
esteja aplicando bem o dinheiro. O dinheiro só se aplica bem quando se
transforma em obras e serviços, nunca em CDB, Ver. Zé Valdir.
O SR. ZÉ VALDIR: Ver. João Antonio Dib, esta é uma
discussão muito interessante e importante para fazermos. É uma questão técnica,
é só uma questão absolutamente técnica, Vereador. Essa é uma questão
absolutamente técnica! Nunca a velocidade das demandas, dos pagamentos, numa
prefeitura saneada como a nossa, obviamente, acompanha a entrada de recursos.
Como é que se faz com esse recurso? Se aplica esse recurso para que renda, da
melhor maneira possível, valorize, para que a gente possa, inclusive, fazer
melhores e mais quantidades de obras. É isso, Vereador. E isso não sou eu que
digo. Têm organismos internacionais que reconhecem que a Prefeitura de Porto
Alegre serve exemplarmente de modelo de gestão. E não é à toa que conseguimos
financiamentos, conseguimos recursos de fora. Exatamente um dos itens é pela
forma como nós, pela seriedade com que nós administramos, gerenciamos a
Prefeitura de Porto Alegre. Então, essa crítica é, na verdade, um elogio,
porque por trás disso reconhece aquilo que organismos internacionais reconhecem
em relação à Prefeitura de Porto Alegre.
Quero
também abordar outro aspecto do Orçamento. O Orçamento é uma previsão, o
Orçamento é uma estimativa. Tão importante quanto isso é discutirmos também a
execução do Orçamento, a forma como esse Orçamento é estabelecido e a forma
como ele é executado. Sabemos que em Porto Alegre temos o Orçamento
Participativo, e muita gente tem críticas aqui na Câmara, mas, até hoje, não
existiu uma outra forma mais correta, uma outra forma mais adequada de fazer o
Orçamento público, a não ser com a participação popular. Qual é a outra forma?
A outra forma é fazer o Orçamento da forma tradicional, onde temos basicamente
os atores: a Prefeitura, o Prefeito e seus técnicos, e a Câmara de Vereadores.
E, através do Orçamento Participativo, incluímos um terceiro ator importante,
que é a população de Porto Alegre, a população da nossa Cidade, através da
discussão nas regiões. É claro que isso cria uma nova realidade para todos nós,
cria uma nova realidade para a Cidade, cria uma nova realidade para os técnicos
da Prefeitura, que têm de fazer aquele casamento do saber acadêmico, do saber
técnico, com a sabedoria popular; criam uma nova relação para a Câmara de
Vereadores, que não pode desconhecer que a população discutiu o Orçamento, mas
é uma outra forma muito superior que faz com que o Orçamento, uma vez aprovado
por esta Casa, tenha uma legitimidade muito maior do que no esquema
tradicional, porque é uma legitimidade não apenas por ser ungida aqui pelo
Legislativo, mas pela participação também da população, através de suas
lideranças. Esse é um aspecto deste Orçamento que nós estamos discutindo.
Outro
aspecto é o da execução do Orçamento; na execução é importante que se observe
que há problemas que são históricos na cidade de Porto Alegre, que há
distorções que são históricas e que aos poucos, por causa dos debates aqui na
Câmara, é verdade, por causa dos debates na sociedade, através do Orçamento
Participativo, nós vamos superando esses desafios, essas disparidades que são
históricas, e assim por diante. Uma delas que foi colocada aqui em relação à
saúde, de que Porto Alegre é um local constantemente demandado pelo interior na
questão da saúde, e Porto Alegre tem muitos problemas na saúde a serem
resolvidos. Os Postos de Saúde da Família, e há um na minha comunidade que foi
conquista sua, sem dúvida é um dos elementos que qualificaram profundamente a
saúde em Porto Alegre, e aí novamente tem o componente da participação popular.
Ainda na semana passada, numa reunião da diretoria da associação em que moro,
se discutia a qualidade do atendimento no Posto de Saúde, no PSF ali da região,
que estava mal. A própria população foi criticando, foi fazendo avançar a
qualidade do Posto de Saúde.
Outro
aspecto é na questão da educação; existe uma distorção histórica na questão da
educação. Nós sabemos que o município de Porto Alegre construía as escolas e as
entregava para o Estado, e esse processo vem sendo revertido há alguns anos.
Nós temos visto que a educação em Porto Alegre aumentou não apenas pelo número
de escolas, que sem dúvida aumentou tremendamente, mas também pela qualidade da
escola. Hoje, quando se fala em escola pública em Porto Alegre, quando
referem-se às escolas do Município, não se ouve mais aquilo que a escola
pública é de baixa qualidade, porque o sonho de muitos pais de classe média é
conseguirem uma vaga nas escolas municipais, devido à qualidade de ensino nas
escolas municipais, sem contar com o atendimento que avançou enormemente às
crianças em idade da pré-escola do zero aos 6 anos de idade.
Na
questão da habitação - há pouco o nosso companheiro Pestana falava em aparte -,
também estamos aos poucos combinando investimento e negociação, resolvendo um
dos graves problemas desta Cidade que são as ocupações. Estamos resolvendo com
a legalização dessas áreas, combinando investimento e negociação. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu era
Prefeito em 1985, quando a Câmara Municipal, por seus brilhantes Vereadores à
época, me deu informações de que eu poderia fazer algumas coisas com os
recursos orçamentários. Olhei para todos, depois que eu vi com a tranqüilidade
de que sempre faço e disse: “se é verdade o que V. Ex.as me afirmam,
V. Ex.as deveriam pedir o meu impeachment,
porque aí estão 10 bilhões de cruzeiros em reserva de contingência. V. Ex.as,
no fim do mês de maio me dizem que eu devo usar o dinheiro para atender os
objetivos que me são propostos neste momento”. Mas, se eu tivesse os 10
bilhões, alguma coisa estaria equivocada na Prefeitura, V. Ex.as
aprovaram auxílio para a Carris de 2,5 bilhões, aprovaram auxílio para o
Hospital de Pronto Socorro, numa emergência, 1 bilhão e 100 mil, eu não posso
ter 10 bilhões. Eles me diziam que eu tinha 15 bilhões de reais para obras e
que eu usasse o dinheiro da obra na melhoria dos vencimentos do municipários. E
eu disse: “se em 30 de maio eu tenho 15 bilhões que estão no Orçamento desde
1.º de janeiro, vocês tinham que me mandar embora, porque eu não usei o
dinheiro do povo para obras que o povo espera.” Eu não poderia ter os 15
bilhões, como, de fato, eu não os tinha.
Então, para quem viveu a Prefeitura: eu
fui Diretor-Geral do DMAE por duas vezes; eu fui Secretário de Transporte por
duas vezes; fui Secretário de Obras; fui Secretário do Governo; fui Prefeito,
eu vivi com muita intensidade e, por isso, eu sei o que é Orçamento. Eu sei o
que é chegar no fim do ano com tudo praticamente zerado.
Mas, quando eu digo que a Prefeitura põe
o dinheiro em CDBs, eu estou dizendo que a Prefeitura está cometendo um crime
contra os munícipes, eu estou dizendo que a Prefeitura tem uma programação de
obras para este ano de 92 milhões de reais e no dia 30 de junho tinha no banco
222,5 milhões. Portanto, ela não tem obras para fazer, não estão programadas e
não serão feitas! E a Prefeitura está esperando empréstimo para fazer os
reparos no complexo da Conceição de 1 milhão e 800 mil reais e tem 140 milhões
em CDBs. Não é só em CDBs, tem dinheiro vinculado para terminar as obras da 3.ª
Perimetral. Não sou eu que informo. Então, é ilusão alguém tentar, aqui desta
tribuna, dizer que a Prefeitura tem as suas contas bem cuidadas. Eu vou deixar
por ilusão, mas é um equívoco violentíssimo!
Os empréstimos, a Prefeitura sempre fez e
sempre pagou. Por exemplo, em 1909, o Dr. Montaury fez um empréstimo e eu,
orgulhosamente, como Prefeito, em 1985, terminei de pagar o empréstimo
internacional do Dr. José Montaury. Também, como Diretor do DMAE, eu terminei
da pagar o empréstimo do Dr. Loureiro da Silva para fazer o DMAE e a Hidráulica
do Menino Deus. A Prefeitura sempre pagou em dia. A Prefeitura de Porto Alegre
sempre foi um exemplo; antes do PT também era, não começou com o PT. A Prefeitura
de Porto Alegre tem muito mais tempo que o PT.
Então
eu só quero dizer que não é que eu queira criticar, não quero criticar ninguém,
eu quero ajudar o povo de Porto Alegre a receber, em obras e serviços, o
dinheiro que ele pagou impostos, o direito que ele tem a esse dinheiro. Esse
dinheiro não pode ser colocado em CDBs! É crime! É crime! Não pode ser! Não é o
fato de eu ter de pagar uma obra daqui a 30 dias e eu já tenho o dinheiro na
mão. Claro que eu devo buscar o rendimento desses 30 dias. Mas a maior rubrica
que cresce mais para Prefeitura, que prevê um acréscimo de 4% no Orçamento, mas
diminui o valor dos investimentos para o ano que vem, o maior, 73% é o
rendimento dos CDBs. Não, uma Prefeitura não se faz para cuidar dos CDBs, mas,
sim, das ruas, da saúde, da educação, da segurança em determinados pontos e da
habitação, que dizem que fizeram tanto, mas não é tanto. Todo o dinheiro da
habitação é dinheiro que eles vão buscar de empréstimo, não estão usando o
dinheiro do povo para fazer isso aí, vão fazer empréstimo com o Governo Federal
e vão falar mal do Governo Federal!
Então,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero que reflitam: dinheiro do povo nunca
deve ser usado em CDBs, da forma que a Prefeitura está fazendo. Terminou o ano
passado com 200 milhões de reais, quase, no banco, no dia 31 de dezembro. E é o
Prefeito que me informa, não sou eu que criei o número. Saúde e paz! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos apregoar 36 Pedidos de
Providência, de autoria do Ver. João Carlos Nedel.
O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
Desiste. A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta
Especial.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as Vereadores,
Srs. Vereadores, senhoras e senhores. O filósofo Leôncio Basbaum, que elaborou
o livro Alienação e Humanismo,
contestou algumas teses e, com muita sabedoria, ele fala sobre a decadência da
filosofia e - claro, que eu quero me ater ao tema que está proposto aqui, sobre
a questão da LDO, mas gostaria de poder fazer essa introdução. Ele diz: (Lê.)
“É mais do que visível, nos tempos em que vivemos, a decadência da filosofia
como a expressão da realidade sensível, inteligível do mundo de hoje”. E diz
mais: (Lê.) “Todavia, essa decadência não supõe, de modo algum a diminuição de
sua importância, como instrumento de pesquisa, de apreensão e conhecimento do
mundo real”.
Pois,
eu quero dizer às senhoras e aos senhores - e anteriormente o Ver. José Valdir
explicava o aspecto da participação popular -, quando nós, por muitas e muitas
vezes aqui batemos na tecla sobre a questão da participação e o viés que esta
Administração Popular conceitua e coloca em prática a participação, por meio do
Orçamento Participativo, justamente a fundamentação baseia-se em reincluir a
Filosofia como instrumento de pesquisa. E o que diferencia, quando se vem aqui
dizer que uns tem ideologia e outros não, é que, por meio da Filosofia, Dr.
Goulart, V. Ex.ª que é um estudioso, um homem culto, sabe disso, que todos nós
temos, sim, um pensamento que ninguém absolutamente é neutro nas suas
intenções. Mesmo discordando, ou não, temos que respeitar, porque e a
democracia é o contraditório, que é um dos conceitos mais difíceis de
colocarmos enquanto aprendizagem. A Filosofia vem para nos ajudar. E o que
incomoda nesse contexto todo? Esse texto que nos é dado aqui, que todos temos
conhecimento nesta Casa, quando discutimos, quando vamos ao nosso gabinete,
quando discutimos com a nossas equipe sobre o que significa a Lei de Diretrizes
Orçamentárias para o Município, para o Estado e para a União. É que não apenas
nós, Vereadores, tomamos conhecimento e viemos aqui discutir - que é sim um
espaço sagrado de discussão -, mas essas milhares de pessoas, homens e
mulheres, também têm acesso. Hoje em dia não adianta mais chegar alguém, no
período eleitoral, em uma comunidade, em especial Porto Alegre, em especial Rio
Grande do Sul, e dizer que vai prometer alguma cosia, por quê? Porque as
pessoas têm conhecimento, as pessoas adquiriram esse conhecimento. E
conhecimento, por meio da Filosofia, essa ciência tão importante da formação do
pensamento humano, é justamente algo que ninguém tira. Podemos perder a
riqueza, perder posses, perder vidas, mas não o conhecimento, conhecimento não
se tira. É como nós, que enfrentamos a ditadura militar, podiam nos prender,
podiam nos torturar, mas nós não perdemos a capacidade de discernir. E a
capacidade de discernir é poder conceituar e discutir, e aí, qualquer cidadão,
Ver. Pedro Américo Leal, sabe a causa, por exemplo, da marginalização nas
cidades; sabe que não vai ser um discurso que vai inverter quem ocasiona a
indústria da marginalização e do empobrecimento num país e sabe por que às
vezes o cobertor é curto e nós não podemos, realmente, fazermos tudo, mas que
do pouco que têm, eles conceituam, discutem e hierarquizam as suas prioridades.
E
é por isso que este momento é importante para fazermos esta discussão, porque é
aqui desta tribuna, neste espaço sagrado da Casa do Povo, que nós todos
colocamos a conceituação que temos sobre o projeto que queremos para uma
cidade. E nós sabemos que aí entram os aspectos legais conceituais, as
diretrizes, os prazos de tramitação, o porquê de uma obra às vezes ficar
parada, o conceito, saber exatamente no que está baseada a lei e o que isso
pode atingir ou não. Quando nós formamos uma Comissão, Ver. João Dib - que
presta tanto atenção -, lá na base, com as pessoas para, juntamente com os
Vereadores, com o Executivo e o Legislativo, fiscalizar uma obra, ela tem tanto
conhecimento quanto nós. Não é o meu ou o seu “canudo” que vai diferenciar esse
entendimento e essa fiscalização, por exemplo, de tudo o que nós discutimos
aqui na LDO. Inclusive, no que diz respeito às questões de receitas que V. Ex.ª
tão bem consegue falar aqui e que eu discordo de muitas de suas posições, sei
que V. Ex.ª tem conhecimento técnico para isso, mas não quer dizer que V. Ex.ª
tenha a verdade absoluta. E eu sei que V. Ex.ª também não pensa assim. Eu
respeito o contraditório, e isso também é importante, porque muitas coisas
aqui, Ver. João Dib, nós vamos votar juntos, pois V. Ex.ª, diferente de muitas
excelências desta Casa, tem a responsabilidade pública de não prejudicar,
independente da ideologia que eu tenho e que V. Ex.ª tenha, em relação ao que é
bom ou não para a cidade de Porto Alegre. V. Ex.ª já demonstrou isso.
Então,
nós podemos... A população sabe que as emendas têm o poder de instrumento, sabe
dos créditos adicionados no Orçamento, sabe das justificativas para as emissões
de decretos, o que indica recursos, as reservas de contingente, o crédito
suplementar na Lei Orgânica. Tudo isso, Ver. João Dib, essas pessoas tão
simples e que às vezes são colocadas como se o sagrado e o profano... quando a
gente discute filosofia, quando a gente insere esse instrumento como elemento
essencial de participação, cai por terra o status
quo que tantas pessoas levam como tão relevante, cai por terra, porque elas
têm conhecimento e esse é o exemplo que nós deixamos para esta Cidade, porque
hoje eu estou política. Eu tenho uma profissão, sou professora. Amanhã, passa,
mas vou continuar fazendo as mesmas coisas. E essas pessoas vão continuar
contribuindo para a cidade de Porto Alegre.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Nobre Ver.ª Maristela Maffei, cumprimento V. Ex.ª pela análise
criteriosa e paciente que está fazendo do Orçamento, mas eu gostaria que
ficasse bem claro. A rubrica que mais aumenta para o próximo ano na proposta
muito tênue, muito medrosa da Prefeitura, de um acréscimo de 4% no Orçamento do
ano que vem em relação a este é a rubrica de investimentos financeiros, que
aumenta 73%, e, principalmente, verificar que neste ano, o investimento, que é
de 92 milhões de reais, para o próximo ano, na proposta orçamentária são 86
milhões de reais. A Prefeitura tem muito dinheiro em CDBs, e esse dinheiro tem
de ser transformado em obras e serviços.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Nobre Ver.ª Maristela Maffei, agradeço o aparte. O Ver. João Dib
equivoca-se quando faz esta análise. Eu tenho um grande respeito por ele, pela
fiscalização que faz do Poder Executivo, mas parece-me que, pela sua inflexão
tão forte, ele preferiria uma Prefeitura com déficit, uma Prefeitura que não
pagasse em dia servidores, que não pagasse em dia fornecedores. Eu dou apenas
um dado para V. Ex.ª, Ver.ª Maristela Maffei, que hoje temos em caixa 120
milhões de reais, no caixa da Prefeitura. Oitenta mil reais são destinados ao
pagamento dos servidores nos meses de outubro e novembro, quando vamos ter um
grande déficit, tendo em vista que os recursos, principalmente IPTU, já
ingressaram no caixa da Prefeitura. O que fizemos é ter critério. Nós fizemos,
na verdade, com que a Prefeitura pague em dia seus servidores, com o que
acredito que o Ver. João Dib também concorda. Muito obrigado.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Eu agradeço os dois apartes. Acredito
que nós acrescentamos bastante para a população que nos está assistindo, e gostaria,
com a tolerância do Presidente, terminar minha intervenção. Amanhã, quero
retornar, entrando mais especificamente nas questões de números, Ver. João Dib,
para podermos dialogar também com essa particularidade e dizer que eu acredito
que há momentos em que temos de fazer algumas reflexões, questões de mérito,
mas de um mérito particularmente fundamental, que é o que faz as pessoas serem
pensadores. E o que diferencia um pensamento de outro ou não? É justamente a
questão empírica; o que diferencia a teoria da prática é justamente a prática,
porque nós podemos ter projetos diferenciados. E aí quero terminar a minha
intervenção baseada no que foi expressado pelo Ver. Juarez Pinheiro, o que
desmancha qualquer teoria que venha querer de certa forma agredir o nosso
projeto é justamente demonstrando em números, em fatos reais, o que nos
diferencia de outros projetos que é na vida real o que é melhor para a Cidade.
É o que estamos fazendo em Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do Sul. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Apregôo o recebimento do seguinte
Requerimento. (Lê.)
“Requeiro
a V. Ex.ª, com base no Regimento desta Casa Legislativa, a constituição de uma
Comissão Temporária Externa para acompanhar e propor solução diante da iminente
e gravíssima situação a ser enfrentada pelos servidores do Montepio dos
Funcionários do Município de Porto Alegre com relação aos seus empregos, bem
como para avaliar a situação patrimonial e financeira da entidade, conquanto recursos
públicos e dos funcionários a ela foram transferidos. Sala das Sessões, 19 de
outubro de 2002.
(a) Ver. João Antonio Dib.”
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: O Ver. Raul Carrion também assina o
Requerimento apregoado, e todos os Vereadores que assim o desejarem.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. João Antonio Dib expressa que o
Ver. Raul Carrion também assina o Requerimento.
O
Ver. Beto Moesch está com a palavra em Tempo Especial.
O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, de forma breve, preciso fazer o relatório da
viagem feita, representando esta Casa, a qual quero agradecer aos meus pares,
na cidade do Rio de Janeiro, em junho, na preparatória da “Rio + 10”. Faço isso
agora, até porque estamos na Semana da Água. Nós estamos justamente debatendo
sobre o que há de mais precioso para a vida, para todo tipo de desenvolvimento
de uma sociedade, no ponto de vista econômico, social, cultural e,
principalmente, em termos de saúde pública: a água.
Todos
sabem a frustração que foi, em Johannesburgo, a “Rio + 10”. E, no início do
ano, na Indonésia, na primeira preparatória da “Rio + 10”, já se via que
haveria, sem sombra de dúvida, uma frustração para a “Rio + 10”. Nós tivemos um
avanço extraordinário na “Eco 92”, aqui no Brasil, no Rio de Janeiro, onde
houve um tremendo avanço, pois, pela primeira vez, os países entraram em
consenso para traçar um desenvolvimento sustentável para a humanidade, porque
senão nós não teríamos mais como evoluir como sociedade, pela maneira como se desencadeava
o desenvolvimento no planeta.
Após
a “Eco 92”, outras conferências se estabeleceram para, justamente, se colocar
em prática o que foi estabelecido na “Eco 92”, e aí, na própria “Eco 92”, foi
estabelecido que haveria, dez anos mais tarde, portanto, neste ano, 2002, a
“Rio + 10”, em Johannesburgo.
Com
a frustração da preparatória da “Rio + 10”, na Indonésia, o Brasil, que tem
liderado os países em desenvolvimento e outros, inclusive países desenvolvidos,
no que se refere ao desenvolvimento sustentável, tem apresentado, de forma
eficaz e objetiva, formas de desenvolvimento sustentável para o País, dando
exemplo para os demais países e mostrando que tem conseguido preservar unidades
de conservação de forma extraordinária, principalmente na Amazônia e em alguns
trechos da mata Atlântica, e, por ter sediado a “Eco 92”, realizou a
preparatória para a “Rio + 10”, no Rio de Janeiro, em junho, na qual este
Vereador se fez presente, e lá estiveram a reunir-se – vejam a importância
dessa preparatória – com ministros, com vários chefes de Estado, onde se
estabeleceu que o que há de mais importante é fazer com que todos os indivíduos
do mundo tenham acesso àquilo que é imprescindível: energia, o acesso universal
à energia, o acesso ao saneamento básico, o acesso à água potável, o acesso à
saúde pública, Ver. Humberto Goulart - V. Ex.ª que traz sempre este conceito.
Deve ser colocada em prática da Agenda 21, que é uma Agenda que as nações devem
estabelecer visando ao desenvolvimento sustentável. E, afora isso, nós tivemos
uma exposição ao lado da conferência preparatória “Rio + 10”, onde nós vimos os
vários Estados do Brasil apresentando formas de desenvolvimento sustentável,
transformando áreas preservadas não apenas para simplesmente preservá-las,
porque é impossível manter essas reservas sem uma atividade específica, e aí
então vem o extrativismo sustentável com as comunidades do entorno que estão
conseguindo ter uma inserção social através da manutenção dessas unidades de
conservação. Vários Estados apresentaram esta experiência do Brasil. Então nós
podemos ver que nós temos experiências extraordinárias no Brasil através do
desenvolvimento sustentável.
Uma
outra que nos chamou a atenção: no Paraná, a PETROBRAS está reutilizando os
pneus. Está fazendo a inversão do processo produtivo do pneu, transformando
novamente o pneu em enxofre, em óleo, e reutilizando isso para o asfaltamento.
Então, cidades como Curitiba, Joinville e outras estão justamente pavimentando
as suas avenidas através do reaproveitamento de pneus que seriam jogados no
meio ambiente. Esse é um tema que, aliás, o Ver. Adeli Sell também tem tratado
aqui. Então, várias experiências existem e Porto Alegre deve justamente colocar
em práticas essas experiências que já existem, que foram mostradas nessas
exposições; algumas já estão sendo debatidas. Quantas vezes nós aqui colocamos
a necessidade de a pavimentação ser de forma sustentável, ou seja,
reaproveitarmos os materiais? Quantas vezes nós falamos aqui da necessidade de
nós preservamos a mata Atlântica remanescente? E essas experiências de outras
cidades e de outros Estados mostram como isso é possível, porque para Projetos
bem feitos se conseguem recursos a fundo perdido nos organismos internacionais.
Também
participamos do Seminário Nacional de Tecnologias Limpas, paralelo à
preparatória da “Rio + 10”, onde empresas, principalmente a que foi mostrada em
termos industriais, mostraram que é possível não só não mais poluir o ambiente,
produzindo industrialmente, mas diminuir os custos. Mas aí nós precisamos da
contrapartida do Poder Público para que abra linhas de créditos especiais e
diminua os impostos para que não haja concorrência desleal de uma empresa que
produz poluindo com outra que não polui.
Então
foi uma experiência extraordinária a que nós tivemos; aproveitamos, sem sombra
de dúvida, os seminários, os contatos e essas experiências, algumas relatadas
aqui, para já, a partir de junho - quando nós lá estivemos, e algumas até
anteriormente, porque já sabíamos -, apontar esse assunto aqui na cidade de
Porto Alegre, e é o que estamos fazendo.
Se
houve uma frustração na Johannesburgo, na “Rio +10”, ficou claro o seguinte:
que é possível isso - e está se fazendo isso, o Brasil lidera no cenário
internacional esse trabalho – que são as experiências bilaterais. Se foi
frustrado, num primeiro momento, o multilateralismo, onde mais uma vez os
Estados Unidos foram condenados, porque estão se isolando dos demais países,
por outro lado, o trabalho bilateral de dois países, ou mais, ficou
fortalecido. O Brasil, por exemplo, faz um trabalho extraordinário com a
Alemanha, o México está agora fazendo isso com o Brasil e outros países também
o fazem.
Agora,
nós também não podemos ser ingênuos, se é verdade que os Estados Unidos se
isolaram, tiveram um papel lamentável na “Rio + 10”; gostaria de registrar que
não foram só eles. Muitos países do Terceiro Mundo se aliaram aos Estados
Unidos para combater uma proposta brasileira de que ao menos 10% da energia
gerada em um país fosse renovável. E aí alguns países como, por exemplo, os
muçulmanos, que se digladiam diplomaticamente com os Estados Unidos, com eles
se uniram para condenar esta proposta, ou seja, não sejamos ingênuos, todos
foram à Conferência “Rio + 10” pensando nos seus próprios interesses. E isso é
lamentável. Mas nós, sociedade, continuamos buscando o sonho de que é possível,
sim, um mundo solidário. Nós vamos continuar buscando isso através de
experiências locais, porque sabemos que nós precisamos pensar globalmente para
agir localmente. Essa é a pauta que, com certeza, a Câmara de Vereadores, cada
vez mais, estabelecerá no seu dia-a-dia. Muito obrigado Sr. Presidente, demais
Vereadoras e Vereadores.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Ver. Beto Moesch, temos a certeza
de que a Câmara Municipal de Porto Alegre foi, realmente, brilhantemente
representada nessa reunião preparatória da “Rio + 10”.
Passamos
à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
2ª SESSÃO
PROC.
2840/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 097/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que cria o Coral da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras
providências. Com Emenda nº 01.
PROC.
2849/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 179/02, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Ernesto
Llopart Castro.
PROC.
2984/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 102/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o título de Líder Comunitário ao Padre José Werle.
PROC.
2986/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 003/02, que altera e acrescenta dispositivos às
Leis Complementares nºs 07, de 07 de dezembro de 1973, 48, de 28 de dezembro de
1979, 197, de 21 de março de 1989.
PROC.
2987/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 061/02, que altera dispositivo da Lei 7.773, de
21 de março de 1996, e dá outras providências.
PROC.
2758/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 167/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Avenida Irmão Faustino João um logradouro público parcialmente cadastrado,
localizado nos Bairros Mário Quintana e Rubem Berta.
PROC.
2805/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 060/02, que declara de utilidade pública a ERGUM
– Fundação de Pesquisa e Estudo em Traumato-Ortopedia Manuel Pessanha
Quintanilha.
PROC.
2954/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 100/02, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Resolução nº
1.652, de 14 de agosto de 2002, que institui, na Câmara Municipal de Porto
Alegre, quota básica mensal de custeio a materiais, serviços e periódicos para
uso das Comissões Permanentes e dá outras providências.
PROC.
2904/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 098/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o Prêmio
de Educação Thereza Noronha ao Irmão Nicolás Rubio Rubio.
PROC.
1426/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 079/02, de autoria da Ver.ª Helena Bonumá, que
denomina Passeio Caio Fernando de Abreu o espaço público de circulação de
pedestres junto ao rio Guaíba, na Av. Edvaldo Pereira Paiva, desde a Av.
Presidente João Goulart até o entroncamento daquela com a Av. Ipiranga.
PROC.
2824/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 176/02, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor José Manuel
Baeta Tomás.
PROC.
2896/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 186/02, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Efraim Mester.
PROC.
2907/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 099/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede a Comenda
Pedro Weingärtner a Hidalgo Adams.
PROC.
2832/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 177/02, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que
dispõe sobre a abertura e horário dos estabelecimentos comerciais aos domingos
no Município de Porto Alegre e dá outras providências.
PROC.
2855/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 180/02, de autoria do Ver. José Fortunati, que
institui a Semana Lupicínio Rodrigues no Município de Porto Alegre.
PROC.
2873/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 183/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Rua José Grisolia um logradouro público cadastrado, localizado nos
Bairros Mário Quintana e Rubem Berta.
PROC.
2877/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 184/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Rua Amaury Silveira um logradouro público cadastrado, localizado nos
Bairros Mário Quintana e Rubem Berta.
3ª SESSÃO
PROC.
2779/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 170/02, de autoria da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, que altera dispositivos da Lei n.º 8.279, de 20 de janeiro de
1999, e alterações posteriores, que disciplina o uso do Mobiliário Urbano e
Veículos Publicitários no Município e dá outras providências.
PROC.
2781/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 096/02, de autoria da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que
consolida as disposições sobre estágio curricular e não-curricular de
estudantes de estabelecimento de ensino médio, técnico e superior na Câmara
Municipal de Porto Alegre, define o número de vagas, estabelece critérios para
a seleção e dá outras providências.
PROC.
2862/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 181/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Rua Nelson Gonçalves um logradouro público cadastrado, localizado no
Bairro Sarandi.
PROC.
2869/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 182/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que
denomina Passarela Setimo José Luizelli a passarela de pedestres sobre a Rua da
Conceição, junto à Estação Rodoviária de Porto Alegre, localizada no Largo
Vespasiano Júlio Veppo, no Centro.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Antonio Dib está com a palavra
para discutir a Pauta.
Não
havendo nenhum Projeto em 1.ª Sessão de Pauta, não há necessidade de
apregoarmos os Projetos.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
sempre tenho afirmado nesta tribuna que o maior inimigo da boa lei é a lei
inócua, é a lei desnecessária. Na Pauta do dia de hoje há vinte e um Projetos
de Lei e Resoluções, o que faz, de repente, por distração, por pressa, que a
gente não examine os mais importantes. E aqui está um Projeto de Lei do
Executivo que concede incentivo para a manutenção da atividade agropecuária e
preservação ambiental e introduz correções de cadastro imobiliário do Imposto
Territorial e Predial, o IPTU.
Aparentemente
é uma coisa muito simples, não é? Mas a Prefeitura devia se dar conta e esta
Casa também. A Lei Orgânica diz que nós temos uma área rural obrigatoriamente e
se a Lei Orgânica diz, está falando ou então mude-se a Lei Orgânica. Por 17
votos contra 16 nós perdemos a tese que sustentávamos de que deveria ser
mantida a Zona Rural no Município. Eu acho estranho, porque a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre jacta-se de ter produzido um extraordinário Fórum
Social Mundial, duas vezes aqui realizado; nada contra o Fórum, mas o Fórum, na
sua primeira edição, deixava bem claro, muito claro até, que o campo deve ser
usado para a contenção do crescimento da área urbana. O que fez a Prefeitura de
Porto Alegre na pressa de arrecadar IPTU? Terminou com a Zona Rural, o campo
não está mais contendo o crescimento da área urbana. Loteamentos regulares e
irregulares estão acontecendo na Zona Rural. Os produtores da Zona Rural
estão-se afastando. Agora, então, a Prefeitura vem com um valor simbólico - até
não deveria cobrar, vai custar mais lançar do que fazer a cobrança de 0,03 de
alíquota.
Eu
penso que esta Casa fará justiça - cada um dos Vereadores - ao juramento que
fez de cumprir a Lei Orgânica, porque o Projeto de Lei que apresentei fazendo
com que haja o retorno da Zona Rural já está bem encaminhado para ser votado.
No ano passado, por aquelas razões todas que os Vereadores conhecem, leis
importantes que vão sendo votadas em detrimento das menos importantes como a
Zona Rural, nós chegamos no final do ano e não foi possível votar. Este ano há
uma Emenda do Ver. Ervino Besson; inclusive, já passou em várias Comissões. Eu
tenho certeza de que esta Casa vai restabelecer a Zona Rural e vamos poder
fazer justiça àquele juramento que fizemos, reiteradas vezes alguns Vereadores,
como também fez o Prefeito, como também fizeram todos Secretários, de cumprir a
Lei Orgânica. A Lei Orgânica não deixa nenhuma dúvida: tem que ter Zona Rural,
e foi consagrada a Lei Orgânica pelo Fórum Social Mundial que a Prefeitura
tanto apregoa ter realizado.
O
campo deve servir de contenção ao crescimento da zona urbana.
Mas
também, entre as tantas alterações que se propõe aqui na Lei Complementar n.º
07 - que eu não entendo por que até hoje não foi consolidada... Se não fosse a
AIAMU que, de vez em quando, faz uma distribuição de material para que se saiba
o que é a Lei Complementar, o Código Tributário do Município, nós não
saberíamos mais nada, porque a Prefeitura parece não se preocupar. A Prefeitura
está preocupada em arrecadar mais para depois colocar o dinheiro em CDBs. CDBs
não governam as cidades; cidade se governa fazendo obra e oferecendo serviços,
por isso se arrecadam impostos. Então, o Prefeito quer cobrar mais IPTU em mil
e trezentas ruas ou trechos de ruas. Até não estou discutindo isso, mas não
tenho condições de avaliação - e já comuniquei à Liderança do PT - para saber o
que era e o que fica, que alteração está sendo proposta, porque apenas
colocam-se aqui mil e trezentos nomes que não me dizem nada. Não sei quanto era
antes. Sei quanto eles querem que seja agora. De repente, se era 5 reais e eles
estão passando para 60 reais o metro quadrado, me parece que o aumento é
expressivo, são 1.200%. Quem sabe tenhamos até que atender a Prefeitura, mas
depois de estudar o que está sendo aqui proposto.
Então,
espero que, antes de os Vereadores terem de decidir sobre a matéria, sejamos
informados como era antes e como está sendo proposto agora, para que se possa,
com consciência, com serenidade, com responsabilidade fazer a análise e,
depois, atribuir o voto à proposta do Prefeito. Sim ou não, eu não sei. Saúde e
paz!
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Ver. João Carlos Nedel, na presidência
dos trabalhos, a nossa saudação, Ver. João Dib, Sr.as Vereadoras,
Srs. Vereadores, como diz a Ver.ª Maristela Maffei: “hoje é o dia das contendas
com o Ver. João Dib”. É que o Ver. João Dib, hoje, como ele gosta de dizer para
os outros, “não está nos seus melhores dias”. O Vereador está teimando em
alguns temas, mas temos de discutir esta questão.
Vereador,
a área rural de Porto Alegre existe e existirá, porque é necessária para a
nossa Cidade. A preservação dos morros, a preservação da área ecológica do
Lami, a plantação de ameixas e de uvas no Belém Velho, a plantação de pêssego
na Vila Nova, de cítricos no Lami e de hortifrutigranjeiros: 0,03% de IPTU. Ou
seja, uma taxa simbólica, e essa simbologia é importante.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte?
O SR. ADELI SELL: Nem consegui argumentar e V. Ex.ª já tem
um contra-argumento. Mas vamos ouvi-lo.
O Sr. João Antonio Dib: Nobre Ver. Adeli Sell, V. Ex.ª está
falando no Lami. Pois, eu também estou preocupado com o Lami e a Zona Rural. E
o Prefeito está querendo aumentar o custo do metro quadrado nas um mil e
trezentas colocações que aqui tem, no Lami, num trecho por 5 reais e 96
centavos o metro quadrado, no outro trecho é o mesmo valor; adiante é um pouco
mais.
O SR. ADELI SELL: Qual é a rua, Vereador?
O Sr. João Antonio Dib: Ele só coloca Lami. É todo o bairro, então.
É toda área.
O SR. ADELI SELL: Vamos verificar.
O Sr. João Antonio Dib: Por isso é que eu disse que precisa ser
esclarecido. Eu não sou muito rabugento. Eu sou é estudioso, só.
O SR. ADELI SELL: Nós podemos fazer uma sessão de estudos
na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, que, ultimamente, diga-se de
passagem, não tem discutido temas que interessam à cidade de Porto Alegre. Não
sei o que está acontecendo com esta Comissão este ano; em outros anos, a gente
discutia essas questões, e como nós estamos discutindo tributações, Sr.
Presidente, esta Comissão deveria discutir estas questões.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Ver. Adeli Sell, eu só gostaria que V.
Ex.ª me dissesse qual é o Projeto em Pauta que V. Ex.ª está discutindo.
O SR. ADELI SELL: Eu estou discutindo o PLCE nº 003/02,
que trata do IPTU, dos tributos de Porto Alegre.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Está na Pauta?
O SR. ADELI SELL: Está na Pauta do dia de hoje, na página
3. É o mesmo Projeto que o Ver. João Dib discutiu.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Ver. Adeli Sell.
O SR. ADELI SELL: Continuo discutindo este Projeto, porque
houve todo um alarido por aí dizendo que nós estávamos aumentando o IPTU de
novo na calada da noite, etc. e tal, que depois das eleições viria a verdade
deste Projeto... A verdade está aqui! É fazer com que haja e se sustente a
produção agrícola na Zona Sul para que, inclusive, na feira ecológica de
sábados, ali no Bom Fim, junto à feira de artesanato, nós possamos ter também os
produtos agroecológicos de Porto Alegre; para que nós possamos ter nas
quartas-feiras, no Menino Deus, produtos agroecologicamente controlados, vindos
da Zona Sul.
Inclusive,
eu propus, e é Lei nesta Cidade, até fizemos um pequeno evento da SMAM neste
ano, Ver. Beto Moesch, “A Semana da Floricultura”, porque nós podemos, Ver.
João Dib, com esse IPTU rebaixadíssimo plantar flores em Porto Alegre de forma
competitiva, porque nós temos condições de, num pequeno espaço de terra,
plantá-las, produzi-las e vendê-las de forma competitiva na cidade de Porto
Alegre, porque hoje nós temos de trazê-las de Holambra, de São Paulo, e de
outros lugares.
Portanto,
com essa nossa proposição de rebaixar o IPTU na Zona Rural de Porto Alegre, que
é uma zona muitas vezes mista, porque é assim que deve ser e porque é assim a
realidade, essa é a Porto Alegre de 2002, vamos propor que os Srs. e as Sr.as
Vereadoras nos acompanhem aprovando, evidentemente, essas pequenas, porém
importantes mudanças na nossa Planta de Valores, inclusive rebaixando
significativamente o IPTU na Zona Sul da nossa Cidade. A Zona Rural existe e
existirá. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos,
na tarde de hoje, vinte e um Projetos em 2.ª e 3.ª Sessões de Pauta, sendo que
destes, dezesseis são homenagens, nomes de ruas, e cinco são outros Projetos.
Irei discutir dois destes outros Projetos. Um é do Ver. Nereu D’Avila, que
recoloca, a meu ver, oportunamente, a discussão sobre a abertura do comércio.
Entre
os diversos argumentos dos defensores, dos arautos da pseudomodernidade, dois
argumentos são recorrentes, e eu também sou recorrente no combate desses argumentos:
um é de que é desejável, é moderno que a sociedade faça uma mudança cultural e
passe a comprar aos domingos em vez de dedicar os domingos para outras
finalidades, ou seja, defendem que revisemos, inclusive, uma tradição
judaico-cristã, que é de celebração, que é quase de sacralização do sétimo dia,
independente se o sétimo dia é o domingo ou sábado, dependendo das religiões, e
defendem isso como sendo a modernidade.
Várias
vezes, já falei aqui que isso é anarquia que o capitalismo quer colocar na
cabeça das pessoas e quer reduzir todos os valores a simplesmente à produção e
ao consumo. Infelizmente, até os religiosos aqui desta Casa entram nessa canoa
materialista que os arautos dessa sociedade tecnológica querem impor para as
pessoas, com esse deus do consumo que eles querem impor e esses templos do
consumo que são os shopping centers. E
o outro argumento são os empregos que geram.
Vou
citar um exemplo. Um parente meu foi procurar emprego no comércio e ficou
abismado com a oferta de emprego da C&A: 1 real e 50 centavos a hora;
trabalhar de segunda a sábado e, se for necessário, aos domingos; não poderia
pegar mais de um vale-transporte por dia, teria que ser uma pessoa que pegasse
só uma condução; com direito a meia hora para almoço e quinze minutos para o
lanche, sendo que o lanche seria descontado do salário; sem nenhuma outra
comissão e quotas. Quem não vendesse... Porque esse emprego era para vender
produtos, que, às vezes, não têm muito que ver com o comércio, como, por
exemplo, cartões, seguros; e quem não atinge uma quota semanal, simplesmente, é
despedido. Esse é o emprego moderno que os shopping
estão oferecendo; essa é a modernidade que os shopping estão oferecendo; esses são os empregos que eles dizem que
estão criando, que, na realidade, são subempregos. E mais, eu recebi uma
denúncia de que o salário dos novos funcionários que as Lojas Renner contratam
sai do salário daqueles que já trabalham. A Renner obriga as pessoas que já são
funcionários a descontar “por fora” – isso não aparece em nenhum documento para
não haver como, depois, alegar judicialmente – para pagar outros que são
contratados para trabalhar no fim de semana. Esse é o subsídio que esta Casa
deu aprovando esse tipo de lei moderna para criar os famosos empregos nos shopping do comércio desta Cidade.
Portanto,
está na hora de fazermos um debate muito sério e desta Casa se recusar a ser
instrumento desses “tubarões”, desses grandes empresários do setor do comércio
que não querem outra coisa a não ser matar o pequeno comércio com um discurso
pseudoprogressista de modernidade e de geração de empregos. Está na hora desta
Casa se recusar a cumprir esse papel.
O
outro projeto é o Projeto do Ver. Adeli Sell, que eu quero louvar pela
iniciativa, de instituir, na Casa, o coral da Câmara. Quero dizer que esse
coral nós tentamos criar em outra oportunidade, inclusive eu fazia parte do
coral, cantava no coral - certamente, também não sou muito brilhante na parte
artística, mas participei do coral -, tentamos, inclusive, legalizar o coral e não
conseguimos. E o Parecer que nos deram, na época, da Procuradoria, é o mesmo,
inclusive, que eu vi no Processo do Ver. Adeli Sell, dizendo que essa atividade
de coral, com a concessão de funcionários e assim por diante é incompatível com
as finalidades da Casa.
De
qualquer maneira, quero me somar à iniciativa do Ver. Adeli Sell para
encontrarmos uma alternativa, porque eu acho que é muito importante para esta
Casa, para o quadro dos funcionários, como tem na Assembléia Legislativa e em
outros locais, nós podermos ter um coral de qualidade, como nós temos condições
de criar nesta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Nós temos uma cerimônia especial neste
momento aqui, patrocinada pelo Ver. Ervino Besson.
(Procede-se
à entrega do pão.)
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, o SINDIPAN – Sindicato da
Indústria de Panificação do Estado do Rio Grande do Sul -, está enviando a esta
Casa uma pequena amostra de um pão, pois hoje é o Dia Mundial do Pão, o
alimento mais sagrado e mais consumido do mundo.
Hoje
foi feito esse trabalho no Parcão: um pão com 14,80m. Portanto, o maior pão do
mundo está aí, o nosso alimento mais sagrado do dia-a-dia, Sr. Presidente, em
homenagem a esta Casa, que é a Casa do Povo.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Parabéns, Ver. Ervino Besson, que nos
traz a grande lembrança do Dia Mundial do Pão, o pão que nos alimenta, que
sacia a fome do mundo, o Dia da Alimentação, me socorre o Ver. Adeli Sell.
Muito obrigado. Depois este pão será distribuído para os presentes aqui.
O
Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Paulo Brum, presidindo os trabalhos, Srs. Vereadores, nós temos hoje uma Pauta rica com diversas propostas importantes. Eu quero destacar, dentre elas, três propostas: uma - Ver. Paulo Brum, nosso Deputado eleito, que é da Mesa Diretora -, é da lavra da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que regula a questão dos estágios aqui na Câmara de Vereadores. Nós temos hoje uma legislação, por Resolução, na Câmara de Vereadores - que não foi elaborada pela presente Mesa, que é presidida pelo nobre Ver. José Fortunati, mas pela Mesa anterior -, que estabelece critérios absolutamente subjetivos na escolha desses jovens que vêm fazer o seu estágio, a sua iniciação profissional na nossa Casa. Nós estamos apresentando uma proposta que torna os critérios objetivos, que faz com que todos os jovens, estudantes, de nível médio ou de nível universitário tenham as mesmas chances para ingressar, por meio de estágio, na Câmara de Vereadores. É uma proposta importante e espero que os Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras deitem os olhos na sua análise, porque hoje nós temos um critério que é muito oneroso para a Câmara de Vereadores, e que o critério de igualdade no acesso ao estágio em nossa Casa, por vezes fere o art. 5.º da Constituição Federal. Quero repetir que não é da atual Mesa essa legislação, e sim da Mesa anterior.
Outra proposta importante é a que o Ver. João Dib abordou, que, minimamente, faz correções que são de obrigação desta Câmara de Vereadores. Nós sabemos que por razões de disputa política entre a nossa Bancada, a Bancada da Frente Popular, que defende os projetos da Administração Popular e a bancada de oposição, a Cidade é penalizada, hoje, pela não-verificação correta do Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU. As disputas político-ideológicas acabam gerando prejuízos sérios aos contribuintes, causando inúmeras, não vou falar em injustiça social, mas em injustiças fiscais. Ou seja, proprietários de terrenos, proprietários de imóveis de valor inferior a de outros acabam pagando mais imposto do que aqueles que têm um valor maior do que seu imóvel. Quando o Ver. João Dib abordou a questão da alteração da Planta de Valores, Ver. João Dib, nós queremos dizer que a proposta trazida a esta Casa, de forma alguma, altera a Planta de Valores; apenas que a Planta de Valores que foi aprovada por esta Casa, há priscas eras, no ano de 1989 - alguns Vereadores já estavam nesta Casa, dentre os quais o Ver. João Dib - e por problemas de identificação, de características de alguns imóveis deixou-se de fazer, naquele momento, a alteração que foi decidida pela Câmara de Vereadores, principalmente aqueles localizados à testa dos quarteirões.
O
que a proposta hoje faz, Ver. João Dib, na verdade, é adequar aqueles imóveis
que em 1989, no outro milênio - porque esta Casa alterou a última vez a
proposta da Planta de Valores no milênio que passou, gerando com isso uma série
de injustiças fiscais que oneram hoje o contribuinte -, aqueles imóveis que
ficam na testada dos quarteirões, eles passam a ter, porque em dez anos pagaram
menos do que os demais, o valor que outros imóveis similares possuem em nossa
Cidade e isso monta aproximadamente em 2% dos imóveis.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Juarez Pinheiro, eu gostaria de... insisto que devam ser
enviados a esta Casa os valores anteriormente cobrados. Mas já vou aproveitar,
porque acho que a Rua José Ferreira Jardim não existe, é João Ferreira Jardim.
Devo aproveitar para colocar mais uma dúvida: é Alcides Honório Silveira ou é
só Honório Silveira? Então a Prefeitura...
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. João Dib, V. Ex.ª já usou o tempo,
já falou os 5 minutos e mais os 10 na Pauta Especial, eu não usei esse tempo,
por isso que eu lhe cedi o aparte, mas gostaria de concluir para deixar claro à
Casa o que esta proposta faz. V. Ex.ª já colocou a questão. Na verdade ela faz
com que aqueles imóveis localizados na Zona Rural paguem o mesmo imposto, na
mesma alíquota que pagavam pelo ITR; e que aqueles imóveis, Ver. Leal, com até
30 hectares, daquela região, fiquem isentos; e esses proprietários de testadas
de imóveis, em alguns quarteirões da Cidade, que há 10 anos pagam menos IPTU,
porque o metro quadrado, hoje, orça, na maioria dos casos, em 1 ou 2 reais,
passem a ter o valor que os demais contribuintes desta Cidade possuem nos
cadastros da Secretaria Municipal da Fazenda.
Portanto,
não tem alteração de Planta de Valores, e o índice colocado é o índice de 0,03
para a Zona Rural, afora isentar aqueles imóveis com até 30 hectares. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente; colegas Vereadores;
colegas Vereadoras, eu volto a esta tribuna, lamentavelmente, para falar sobre
a questão do recolhimento, transporte e destino final do lixo de Porto Alegre.
Eu pesquisava, ontem, à noite, e vi que o primeiro pronunciamento que fiz sobre
esta matéria foi em março de 2001 quando recolhi os primeiros documentos que
pedi à Prefeitura de Porto Alegre, e algumas coisas comecei a constatar de lá
para cá. A primeira delas é que, nesses 14 anos, há mais de 3 anos, recolhe-se
o lixo de Porto Alegre por contratos emergenciais, vírgula, sem licitação.
Segundo, até o dia 26 de janeiro do presente ano, pagava-se 33% a mais do que
se paga hoje para a parceira inseparável de campanha, aquela que foi a principal
patrocinadora de campanha do Prefeito que saiu e do Diretor do DMLU, a Empresa
Cores, que cobrava 39 reais e 11 centavos a tonelada; e hoje a PRT cobra 28
reais e 42 centavos. Mas eu vou mais além. Em 1999, o Departamento de Destino
Final do Lixo de Porto Alegre avisou o Diretor Darci Campani que aquele
consórcio envolvendo Porto Alegre, Cachoeirinha, Gravataí, do aterro de Santa
Tecla estaria com seus dias contados, e, no final deste ano, não teria mais
lugar para botar o lixo de Porto Alegre, e, portanto, se não fossem tomadas
providências, poderíamos estar vivendo o caos na cidade de Porto Alegre. O Sr.
Darci Campani sabia que teria de providenciar um novo aterro. Não fez. Saiu
para ser candidato a Vereador, usou de informação privilegiada, que só tem uma
empresa no Rio Grande do Sul que tem a licença de operação. Ele foi lá nessa
empresa e quero dizer que essa empresa é composta por gente decente e correta,
mas foi lá nesta empresa e tomou dinheiro para a sua campanha de Vereador. E
depois veio aqui fazer de conta que faria uma concorrência, porque, se só tem
uma empresa, e ele coloca como requisito no Edital de licitação que, para
transportar o lixo de Porto Alegre para o destino final essa empresa deve ter
licença de operação. Então, vou fazer de conta que vou fazer uma licitação, e
nós falamos isso aqui há duas, três semanas, pois agora vem aqui a confissão no
Diário Oficial, Ver. Nereu: “Revogação de Licitação” baseado no art. 49 da Lei
de Licitações, por ilegalidade! Isso, para nós tem vários nomes, não sei se é
maracutaia, não sei é operação toma lá dá cá, eu não sei se é negociata; não
sei se é tudo isso junto. O que eu sei é que lá, no DMLU, se cuida muito mais
de negócios do que recolher o lixo de Porto Alegre; lá se cuida muito mais de
fazer contratos emergenciais do que recolher o lixo de Porto Alegre, lá se
cuida muito mais de patrocínio de campanha do que recolher o lixo de Porto
Alegre. Portanto, quero deixar registrado desta tribuna, não vou, quando faltam
dez dias para as eleições, pedir uma CPI, porque vão dizer que ela é
“eleitoral”, não vou fazer isso, não. Mas estou firmemente pensando, que depois
do processo eleitoral, até porque quero deixar registrado, nesta tribuna,
fizeram tudo isso para dar mais um contrato emergencial. Inclusive quero
anunciar, já registrei, num cartório de título especial, três empresas, duas
delas vão ganhar essa concorrência emergencial, eu tenho a certeza de que duas
empresas, das três que eu já registrei, duas delas vão ser aquelas que vão
ganhar o contrato emergencial logo ali na frente, por quê? Porque o lixo de
Porto Alegre não vai poder ficar na rua. Quero aqui, mais uma vez, dizer: eles
vêm aqui, com certeza, após a nossa manifestação, dizer que nós somos uma
metralhadora, não; eu estou fazendo uma cobrança pública do dever de quem é
oposição nesta Casa de um Governo que fala em transparência todos os dias, mas
é um Governo, que só tem escuridão, só tem podridão nesse Departamento do Lixo.
Nós vamos caminhar firmemente para o aprofundamento dessa matéria que não vem
de ontem, que não vem de anteontem, que não vem de um mês; são dois anos e as
respostas não vêm, querem continuar, porque se quisessem mudar já tinham tirado
esse Diretor, já tinham feito concorrência transparente, e esse seria o caminho
natural, não fizeram.
Portanto,
nós vamos continuar na investigação e vamos, sem dúvida alguma, Ver. Nereu, com
certeza, talvez usar do instrumento maior para aprofundar a questão do lixo,
mas não dizendo isso agora, no processo eleitoral, porque estariam, evidentemente,
dizendo que estamos usando isso como questões eleitorais, e esse não é o
“caminho da roça” na nossa avaliação. Agora, quem anulou a licitação não fui
eu, quem publicou o Diário Oficial não fui eu. Isso é um reconhecimento claro e
cristalino de que tudo que estamos denunciando tem procedência, porque o
Diretor veio aqui, assinou e confessou o crime de prática de prevaricação
praticado pelo Sr. Darci Campani, continuadamente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Carlos Nedel, presidindo os
trabalhos nesta tarde, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e
senhores.
Eu falo em Pauta sobre um Projeto do Ver. Nereu D’Avila que dispõe sobre a abertura e horário dos estabelecimentos comerciais do município de Porto Alegre e dá outras providências.
Acompanho
a história da abertura do comércio aqui em nossa Cidade, Ver. Juarez, há muitos
anos, desde a época em que se discutia ainda o problema do sábado inglês, e
lembro que participei inclusive de algumas passeatas dos comerciários que,
naquela época, eram contrários à abertura do comércio aos sábados à tarde.
Então, era consagrado aquele sábado inglês, o sábado trabalhado até o meio-dia.
Para aqueles tempos, Ver. Pedro Américo, era alguma coisa discutível. Depois,
foi aprovado o fim do sábado inglês, e viu-se que realmente foi muito bom que o
comércio passasse a trabalhar nos sábados à tarde e até, em alguns
estabelecimentos, sábado à noite. Depois disso, começamos a fazer a discussão
do domingo. Vencido o problema do sábado, começou-se a discutir sobre o
domingo. Eu não acredito que os Vereadores aqui nesta Casa, nenhum deles, nem
de situação, nem de oposição sejam contrários absolutamente à abertura do
comércio aos domingos. O que eu tenho ouvido na maioria das manifestações que o
que se tem que estabelecer são as regras para que o funcionário do comércio não
seja prejudicado, o empregado do comércio não pode sofrer prejuízos. E eu
acredito que se nós voltarmos aqui agora, Ver. Pedro Américo Leal, a discutir
este tema no momento em que a Justiça ainda está sendo consultada a respeito
desse assunto, eu acredito que nós poderemos, de alguma forma, prejudicar esta
discussão.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Luiz Braz eu quero cumprimentá-lo pela argúcia. Na
realidade, este Projeto está colocando a proibição de abertura do comércio aos
domingos e nós temos uma decisão judicial pendente. Eu acho que era hora de
estudar o fenômeno, se é bom ou se é ruim enquanto hoje está funcionando
plenamente.
O SR. LUIZ BRAZ: Vereador, eu tenho acompanhado esta
posição há muito tempo. Sou um dos Vereadores aqui desta Casa, estou nesta Casa
há vinte anos, que tem sistematicamente votado contra a abertura do comércio
aos domingos, não porque seja contrário à abertura, eu sou até favorável, mas
por causa das regras que têm que ser estabelecidas para não prejudicar o
comerciário, por causa disso que eu me manifesto sempre contrário à abertura. O
que eu tenho receio agora é que se votássemos este Projeto, nós, em primeiro
lugar, poderíamos estar atrapalhando uma discussão que é feita hoje em termos
do Judiciário. Em segundo lugar, imaginem V. Ex.as, que se nós
tivéssemos êxito no nosso intuito de aprovarmos este Projeto de Lei, revogando
de acordo com a orientação do nosso auditor, revogando a Lei que hoje é
responsável pelo não-trabalho aos domingos, ou que foi responsável durante
bastante tempo, pelo não-trabalho aos domingos, eu tenho minhas dúvidas, Ver.
Nereu D’Avila, se nós aqui não iríamos desagradar à população como um todo. Eu
até consulto V. Ex.ª, que é o autor do Projeto. Imaginem que nós poderíamos
estar causando, Ver. Nereu, desemprego, e eu não sei se V. Ex.ª já fez uma
verificação, se agora, com a abertura do comércio, nós tivemos um aumento de
pessoas contratadas pelo comércio, por causa da abertura, e se com o
fechamento, se houvesse o fechamento, não haveria uma despedida em massa por parte
dos estabelecimentos comerciais e aí ficaríamos como grandes vilões.
Gostaria
de ouvir o Ver. Juarez Pinheiro, o meu tempo está esgotado, mas sei que este
debate vai ser rico, vai ser aprofundado. O Projeto do Ver. Nereu entrou em
Pauta agora, sinceramente, não tenho um posicionamento definitivo a respeito do
assunto, mas tenho a minha dúvida com relação à oportunidade deste Projeto
tramitar e ser aprovado na Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Elói Guimarães, do PTB, está com
a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, venho a esta tribuna em tempo de Liderança para discutir
matéria orçamentária, portanto, queimo a Liderança para discutir a Pauta, e,
por vezes, se ouve queimar-se a Pauta para discutir a Liderança.
Mas o Ver. João Dib tem, reiteradamente, trazido ao debate algo que é importante e tem de ser devidamente debatido. O Ver. João Dib tem afirmado, reafirmado de uma política do Município, quando este entesoura, Ver. Zé Valdir, uma importância xis, atualmente, 137 milhões e, sem o dizer, induz que a Prefeitura Municipal se transformou numa grande especuladora do mercado financeiro.
A
doutrina no campo econômico, os financistas discutem, há uma dissensão, Ver.
Pedro Américo Leal, de visões do campo de orçamentos públicos, uns entendem que
faz boa administração aquele que não só gasta o que dispõe o referido orçamento
como compromete para o futuro, porque emprega investimentos em obras, ajusta
setores importantes e atende a população. A função do recurso público é
exatamente drenar recursos para levar o atendimento à população e à sociedade.
Por
outro lado, outros entendem e aí estão os chamados financistas conservadores
que dizem: “Não, a execução orçamentária terá que se dar. Não pode ter déficit
orçamentário. O Orçamento terá de ser cumprindo religiosamente.”
Então,
aí estão duas posições na análise que se faz do Orçamento.
Mas
voltemos a afirmação do Ver. João Antonio Dib. A indagar, Ver. João Antonio
Dib, nós não estamos vivendo uma época inflacionária. Se estivéssemos vivendo
uma inflação, teríamos de aplaudir a decisão política do Município em fazer um
entesouramento da importância de 137 milhões etc. e tal, mas não estamos
vivendo um processo inflacionário.
Bem,
isso aqui não é reserva de contingência, absolutamente, não. Isso aqui é algo
que sobra, Ver. José Valdir, no patrimônio monetário do Município. Isso é um plus, porque as partidas e
contrapartidas do Orçamento vão se realizando, o Município recebe, paga e esse
fluxo orçamentário vai se realizando. Isso aqui é uma espécie de economia.
Agora,
nós temos necessidades candentes em Porto Alegre, Ver. João Antonio Dib, com
esses valores poderíamos resolver questões cruciais do Município. Não é meia
dúzia de tostão, absolutamente, não! Hoje, não sei, 137 milhões, 120 milhões,
não vamos nos prender aos números, mas é um valor significativo que é alocado
em obras públicas, em saneamento básico e por que não dizer em habitação? Teria
reflexos altamente positivos aos munícipes e à cidade de Porto Alegre. Eu
encerro, Sr. Presidente, apenas para dizer e chamar atenção para isso que usam
do tal de Orçamento Participativo, Ver. Zé Valdir, V. Ex.ª sabe o que é
possível mexer no Orçamento do Município? O que é possível manobrar? Sete por
cento! Então, vem me dizer que o Orçamento Participativo deliberou sobre o
Orçamento, quando a capacidade de mexer, tirar daqui, botar ali é de 7%. Então,
pára aí, vamos devagar! As despesas estão vinculadas: 83% do Orçamento são
imodificáveis; então, que história é esta de Orçamento Participativo? Joga
receita para cá, despesa para lá? Absolutamente, não! Porque a capacidade de
manobra, de tirar e botar é de 7%! Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. João Nedel, que
preside os trabalhos, demais Vereadores, Vereadoras, nos traz, hoje, aqui à
tribuna, em nome da Bancada do PC do B diversos temas, porque diversas questões
de importância estão colocadas para nós.
Primeiro,
queríamos, ao mesmo tempo em que saudamos o Dia Mundial do Pão, que já foi aqui
chamado atenção pelo Ver. Ervino Besson, dizer que neste dia Mundial do Pão nós
constatamos que o pão atingiu o custo/quilo de 5 reais; hoje o pão é mais caro,
Ver. Ervino Besson, do que a própria carne; só a farinha, este ano, aumentou de
janeiro a outubro 100%, refletindo a profunda crise que o nosso País vive nas
mãos desse Projeto neoliberal que nos prometia o paraíso, a abertura do País
para o capital e para as importações. Sobre o pão nosso de cada dia, fazia-se
tanta propaganda de que o “cacetinho” se comprava por tantos centavos, não é,
Ver. Sebastião Melo? Hoje, o pão chega a cinco reais, mas não é só isso. Nós
abrimos o jornal e lemos aqui: “Gasolina subirá de 15 em 15 dias...”, vejam o
detalhe: “...após as eleições”. Prepara-se mais um estelionato eleitoral. Há
três meses, a gasolina deixou de aumentar, mas, às vésperas das eleições, eles
não conseguem segurar. Prepare-se o povo brasileiro, nós estamos dizendo aqui o
que aparece. Ver. João Nedel, não estamos falando de candidatos, estamos
falando que de 15 em 15 dias aumentará a gasolina e nós temos ainda que
assistir determinados artistas de televisão dizerem que o povo deve temer as
mudanças. A mudança que eu temo é depois do dia 27, quando, de 15 em 15 dias, a
gasolina aumentar. Mas não bastasse o pão; a farinha, 100%; a gasolina com aumento
de 15 em 15 dias; nós temos o aumento da taxa de juros de 3 pontos percentuais.
Vejam qual o resultado disso. Às vezes, o povo vê esse dado e não tem
conseqüência. Primeiro, o aumento de 3 pontos percentuais significa colocar no
bolso dos banqueiros 480 milhões de reais por mês! Esse simples canetaço das
autoridades econômicas neoliberais colocou no bolso dos banqueiros, Ver. Dib,
480 milhões de reais por mês! Em um ano, cerca de 6 bilhões de reais foram
desviados para os banqueiros. Mas não é só isso. Nós teremos ainda um aumento
da dívida pública com os banqueiros de 10 bilhões de reais. Isto que, de
janeiro a agosto, a dívida pública, Ver. Juarez Pinheiro, que me escuta
atentamente e estarrecido, aumentou já 123 bilhões de reais, dos quais 89
bilhões de reais só por conta da variação cambial. Isso até agosto. Temos ainda
setembro, outubro, novembro e dezembro. A continuar esta proporção, Ver. Dib,
teremos mais 60 bilhões de reais, chegando a quase 200 bilhões de reais do
aumento da dívida pública, sem contar os 10 bilhões de reais a mais pelo
aumento da taxa Selic.
Para
concluir, não só isso está levando à sangria do povo brasileiro, do Estado
brasileiro, como também tem efeito numa recessão econômica crescente. Por tudo
isso é que avança no povo brasileiro o sentimento da mudança, o sentimento da
necessidade de que é preciso por fim ao descalabro a que os neoliberais levaram
o povo brasileiro.
É
esta a mensagem de denúncia, de repúdio, que a Bancada do PC do B, na tarde de
hoje, traz aos nobres colegas e à população de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Carlos Pestana está com a palavra
para uma Comunicação de Líder pelo PT.
O SR. CARLOS PESTANA: Ver. Nedel, Presidente dos trabalhos, na
verdade, eu havia solicitado ao companheiro Líder da nossa Bancada, Marcelo
Danéris, este tempo para falar, inicialmente, de outro tema, pelo qual tenho o
maior interesse, que é a questão da habitação, mas, em função das declarações
do Ver. Sebastião Melo, sou obrigado a mudar um pouco o objeto da minha fala.
Mais uma vez o Vereador, como já é costumeiro nesta Casa, faz acusações sem
nenhum fundamento. Vem aqui e afirma que não quer constituir agora uma CPI,
porque seria uma exploração política, mas não vacila em vir aqui fazer as
acusações, divulgar as acusações para o jornal sem sequer ter investigado os
fatos detidamente; na véspera da eleição. Isto, sim, é uma forte exploração
política de um fato que esta Casa ainda nem sequer se apropriou no seu conjunto.
Este é o primeiro elemento que eu queria registrar.
O
segundo é que, mais uma vez, como em outras tantas vezes, esse tema é
recorrente e até agora, apesar de todo o esforço do Ver. Sebastião Melo de
querer atribuir ao administrador ou à Administração alguma culpa, o Tribunal de
Contas vem constantemente se manifestando sobre nenhuma irregularidade naquele
órgão. Sobre o fato específico é importante registrar algumas situações: o
Departamento, por meio de seu Diretor, nada mais fez do que cumprir uma determinação,
uma manifestação judicial, que dizia que não poderia existir a concorrência uma
vez que só existia uma área que tinha o licenciamento ambiental para o seu
destino final. Então, na verdade o que foi feito foi exatamente cumprir uma
manifestação judicial que já havia sido dada. Em nenhum momento foi anulado o
edital para beneficiar “a”, “b” ou “c”; foi simplesmente para atender a uma
demanda judicial que estava colocada. As razões pelas quais essa licitação não
foi feita anteriormente... Porque esta Administração, em particular aquele
Departamento, tem uma forte preocupação com a questão ambiental, e o Vereador
sabe das dificuldades e de toda a burocracia para se obter o licenciamento
ambiental para o seu destino final para a questão do aterro. Por essas razões,
não foi possível se proceder a essa licitação de forma antecipada.
Então,
quero expressar ao Vereador que ele tem de provar essas acusações levianas que
foram feitas. Acusar o Diretor dessa forma, na véspera da eleição, é algo
irresponsável e inadmissível nesta Casa. Nós temos um procedimento de
investigação em que tem de ser ouvido o Diretor, tem de estar aqui o conjunto
dos documentos que compuseram o edital, tem de estar aqui junto a manifestação
do Judiciário sobre essa licitação para, aí sim, nós fazermos uma análise
detida, tranqüila, não sobre a conjuntura eleitoral, não sobre os interesses
eleitoreiros, porque nossos procedimentos sempre foram marcados por
procedimentos de conduta da transparência, da clara intenção de esclarecer o conjunto
da população sobre os procedimentos administrativos que nós vínhamos tomando.
Venho
aqui repudiar essa atitude do Ver. Sebastião Melo que, mais uma vez,
infelizmente, vem a esta tribuna fazer acusações sem nenhum fundamento, às
vésperas da eleição, a fim de criar um fato político que não faz jus à
trajetória desta Casa e à trajetória destes Vereadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Nedel, no exercício da presidência,
Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras. Vejo que vários Vereadores que
vêm a esta tribuna costumam falar do neoliberalismo e muitos deles que vêm aqui
falar sobre o neoliberalismo, na verdade, não saberiam fazer uma definição
exata do que é esse neoliberalismo, mas que se transformou numa palavra, hoje,
Ver. Elói Guimarães, que pode definir tudo o que é ruim que acontece em nossa
sociedade, e é dedicado exatamente a esses princípios neoliberais. Mas não foram
definidos por nenhum dos oradores que eu vi passar aqui por esta tribuna.
Mas
está para surgir aí ou está surgindo o “neocomunismo”. Esse “neocomunismo” ou
“neossocialismo” é um termo que está surgindo como também estão surgindo outros
“neos” - esquerda neoliberal. O mais sensacional que acontece nesse
“neossocialismo” é que ele vem acompanhado por algumas das cabeças mais
ilustres daquilo que foi tachado do pior que aconteceu em nosso País. O
“neocomunismo”, que é exatamente esse regime que está para ser instalado aqui,
hoje, ele vem apoiado pelo Dr. Orestes Quércia, que foi aliado no 1.º turno das
eleições nesse regime “neossocial”, foi apoiado pelo nosso querido Antônio
Carlos Magalhães, que é uma pessoa extremamente importante no jogo liberal, e ele
está apoiando também... o Roberto Jefferson, que é do esquadrão de choque do
Collor. A repudiada Roseana Sarney, que foi tão contestada por todas as
lideranças petistas e comunistas, hoje está sendo paparicada, em São Paulo,
pela Prefeita, inclusive indo visitá-la.
Então,
esse novo projeto, o “neossocial”, vem num misto que, realmente, nos faz ficar
com as barbas de molho, porque me parece que esse “neossocial”, que está para
se instalar no nosso País, vai carregar no seu bojo, Ver. Elói Guimarães, todas
as figuras que foram as mais atacadas pelos partidários do purismo socialista.
Esse purismo socialista parece que ficou num passado bem distante, o que nós
temos agora, Ver. Zé Valdir, gestado pelas cabeças mais eminentes do Partido de
V. Ex.ª, é um projeto, que V. Ex.ª também compartilha, que está para ser
vitorioso agora em nosso País, isso nós temos que reconhecer, nesse projeto
está um misto do que era considerado o pior com aquelas cabeças que se dizem as
mais iluminadas e capazes de apontar as soluções salvadoras para o nosso País.
Não
sei o que vai acontecer, nós temos que rezar muito, Ver. Paulo Brum, para que o
que vem por aí seja alguma coisa, realmente, melhor do que aquela que se
encontra.
Para
coroar essa miscelânea do “neossocialismo”, hoje, o Dr. Delfim Neto fazendo
rasgados elogios, também, a esse novo projeto e, praticamente, se filiando a
este novo projeto. Então hoje quando vejo essas pessoas falarem sobre
neoliberalismo, acho que elas têm que começar a analisar esse neossocialismo,
que carrega tanta gente que eles criticaram no passado, num passado muito
recente, e agora carregam junto consigo essas pessoas para este novo projeto
que vai administrar o nosso País. Parece que vai ser assim. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Sr. Presidente, eu recebi ontem, via e-mail, um documento assinado pela Sr.ª
Adriana Nunes Pautian se dizendo diretora do PREVIMPA. Eu consultei a lei que
nós aprovamos que diz, no seu art. 20, o seguinte: “Os servidores escolhidos
para o cargo de Diretor-Geral e para os cargos em comissão de
diretor-administrativo, financeiro e presidenciável serão previamente
aprovados, após argüição pública, pela Câmara Municipal de Porto Alegre,
através da Comissão de Economia Finanças Orçamento e Mercosul”. No art. 123 diz
o seguinte: “No período compreendido entre a vigência desta Lei Complementar e
a posse da Diretoria-Geral do PREVIMPA e dos diretores administrativos, a
administração do PREVIMPA será efetuada por servidor detentor de cargo de
provimento efetivo, estável, designado pelo Prefeito para responder em casos
precários.”
Então
quero que a Mesa, por gentileza, tome as providências cabíveis e legais porque
nós aprovamos uma lei, há um mês publica-se esta lei e alguém vem-se intitular
Diretor-Geral sem passar pela sabatina da Câmara; no mínimo isso é um
desrespeito ao Legislativo e esta Casa precisa manter a sua autonomia
evidentemente respeitando o Poder Executivo, mas cumprindo com as suas funções.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Ver. Sebastião Melo encaminhe o
Requerimento à Mesa com as comprovações devidas para as providências.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, é sobre o tema. Eu
gostaria de ter o mesmo espaço que o nobre Vereador que me antecedeu.
Acho
que o próprio Vereador já respondeu e até a sua intervenção é confusa, não
consegui entender. Ele leu o 2.º artigo e verificou que até a eleição do
Diretor-Geral, que, sim, deverá ser sabatinado por essa Casa, além dos outros
dois diretores, Ver. Sebastião Melo, são designados servidores efetivos para a
administração do PREVIMPA. E é exatamente essa comunicação que V. Ex.ª recebeu.
Então, V. Ex.ª está fazendo uma grande confusão, de uma forma desnecessária.
Essas pessoas vão administrar o PREVIMPA, como nós decidimos nesta Casa, pelo
prazo de 90 dias. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Vereador, a Mesa decidirá com a presteza
máxima esse assunto, levando em consideração as observações que V. Ex.ª fez.
Havendo
quórum, passamos à
O SR. DR. GOULART (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro que V. Ex.ª
acate a seguinte indicação para os trabalhos, que seria colocar em votação
alguns Requerimentos e alguns Projetos, para avançarmos na Pauta.
Então,
seriam: o Requerimento n.º 025, do Ver. Adeli Sell...
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Houve acordo entre as Lideranças?
O SR. DR.GOULART: Sim.
Requerimento n.º 025, de autoria do Ver. Adeli Sell; Requerimento n.º 149,
de autoria da Mesa Diretora; Requerimento n.º 150, de autoria do Ver. Dr. Goulart
e Requerimento n.º 148, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, e Projetos: PLL
n.º 012/01, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni; PLL n.º 055/02, de autoria do
Ver. Dr. Goulart, PLL n.º 064/02, também de autoria do Ver. Dr. Goulart, e PR
n.º 072/02, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro. Projeto de Lei só o do Ver.
Oliboni.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Em votação o Requerimento do Ver. Dr.
Goulart. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Em
votação o Requerimento n.º 025/02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que requer
Moção de Repúdio pela demissão de pilotos da VARIG e de toda a diretoria da
Associação de Pilotos da VARIG.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
essa Moção do nobre Ver. Adeli Sell é do dia 20 de fevereiro. Eu penso que está
um pouco fora de tempo, até porque depois disso a VARIG foi homenageada neste
Plenário. Portanto, como eu sempre voto contrário a moções, estou votando
contrariamente, mas o ideal seria que fosse retirada.
O SR. ADELI SELL: Ver. João Carlos Nedel, meus caros
Vereadores e Vereadoras, sim, senhoras e senhores, é preciso esclarecer, esta é
uma questão que perdura: a relação difícil entre a direção da VARIG e os
pilotos. Eu fiz questão de vir aqui na homenagem feita à VARIG e homenageá-la,
falar dela, dos 75 anos de bons serviços prestados para este Estado e para este
País. No entanto, tendo em vista o patrimônio construído pelos funcionários da
VARIG, pela memória de Rubem Berta e de todos aqueles que construíram a VARIG -
Viação Aérea Rio-Grandense - empresa nossa, orgulho nosso, nós não podemos
compactuar com esse comportamento porque vimos o que aconteceu com a
TRANSBRASIL, da qual o Governo tem coragem de tirar a concessão porque tem
problemas na sua relação com esse segmento. A crise das empresas de aviação no
mundo é muito grande, e nós temos de estar atentos a nossa VARIG, temos de
ajudar a nossa VARIG. Há uma crise em outras empresas, como aconteceu com a
VASP, como recentemente aconteceu com a TAM, que cortou um conjunto de rotas no
País e no Exterior. Para que a VARIG continue sendo a VARIG do passado e do
presente, para que ela seja do futuro também, orgulho deste Estado, não podemos
compactuar com a diretoria que demitiu pilotos, que demitiu toda a diretoria da
Associação de Pilotos, que tem prestado importantes serviços, que tem-se
pronunciado em defesa da VARIG, pela qualidade dos serviços da VARIG.
Recentemente, eu tive a minha mala extraviada pela VARIG, e eu conversei com a
direção daqui e pude observar que há vários serviços problemáticos naquela
empresa, e não vou retirar nenhuma palavra de elogio que eu fiz aqui pela
passagem dos 75 anos da VARIG. Mas, para preservar a nossa VARIG, temos de
aprovar essa Moção. Peço, portanto, meus caros Vereadores e Vereadoras, o seu
apoio, em homenagem aos 75 anos da VARIG, e que a VARIG continue sendo o nosso
orgulho. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para encaminhar o Requerimento n.º 025/02, de autoria do Ver. Adeli Sell.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
Requerimento do Ver. Adeli Sell é um Requerimento já formulado no início do
ano, em fevereiro ou março. Eu indago se a situação continua e se o quadro que
inspirou a Moção se mantém ou até que ponto se mantém.
Mas,
de qualquer forma, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais do que tomar uma
posição a favor ou contra, é uma matéria que reclama uma reflexão, dada a
importância histórica da VARIG, uma companhia, uma empresa gaúcha, que nasceu,
se desenvolveu, teve grandes avanços. É uma empresa que pertence, grande parte,
aos acionistas, aos funcionários - os funcionários da VARIG são donos da VARIG
- e demais acionistas.
Vejam
que é uma matéria extremamente delicada, porque uma empresa aérea é diferente
de qualquer empresa. Empresa aérea é algo singular, pela sua natureza. Tanto é
verdade que não se admite falência em empresa aérea. Imaginem só que quadro
preocupante, Ver. José Valdir, um conflito entre a direção da empresa e o
piloto, por exemplo, que é, exatamente, quem conduz a aeronave; um conflito
nessa área é altamente prejudicial, não às partes em contenda, mas a quem,
senão ao usuário e à população?
Eu
não sei, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se essa Moção não é muito forte. Eu
não conheço, na sua profundidade, o dissenso que grassa no interior da referida
empresa. Mas não sei se repúdio à VARIG, à direção da VARIG, que é escolhida
pelos acionistas, não sei se não é muito forte e se não se deveria modificar a
Moção para um tipo de recomendação, um debate em torno da empresa.
Então,
eu estou em dificuldades. Não vou votar contra, mas me abstenho, pela ausência
de maiores dados para uma avaliação absolutamente tranqüila, porque se trata de
repudiar, diz a Moção, a direção da VARIG.
Fica
aqui a manifestação do PTB para dizer que não se encontra suficientemente
instruída a Bancada do PTB para dar um voto em questão extremamente delicada,
porque da decisão da Casa. Estamos sendo assistidos por pessoas, ela repercute,
isso é uma decisão que se projeta para a vida das pessoas; a imprensa vez por
outra publica isso, vai e voa pelo País e até para o exterior. Esse é um
assunto extremamente delicado e nós preferimos nos abster porque achamos, em
princípio, que é muito forte. Trata-se de uma empresa aérea com cujo tratamento
deve-se ter uma cautela imensa. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, peço à Mesa um
esclarecimento, até para melhorar o encaminhamento. A Moção diz o seguinte: “O
Vereador que subscreve requer a V. Ex.ª que, após os trâmites legais, seja
manifestada Moção de Repúdio pela demissão dos pilotos da VARIG a toda a
Diretoria, Associação dos Pilotos da VARIG.” Essa Moção é dirigida a quem
praticou o ato de demissão, à Diretoria da VARIG? Eu gostaria que fosse melhor
esclarecido, talvez pelo autor, para podermos nos manifestar sobre a matéria.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Ver. Adeli Sell, V. Ex.ª tem algum
esclarecimento? Porque, na verdade, aqui não diz se é uma Moção de Repúdio à
VARIG. A Câmara deve se dirigir a alguém.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, está escrito “Enviar
para o Presidente da VARIG S.A., Sr. Osires Silva, como manda a boa tradição
desta Casa.
(Aparte
anti-regimental.)
Não,
mudou o Presidente, agora é outro, na época era o Osires Silva. É para o
Presidente da VARIG, para a Direção da VARIG, está escrito.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): É uma Moção de Repúdio à VARIG pela sua
atitude de demissão de pilotos e de toda a Diretoria. Fica esclarecido, Ver.
Sebastião Melo, que é uma Moção de Repúdio à VARIG pela atitude.
O SR. ISAAC ANHORN: Lógico, está certo, à VARIG; vai ser a
quem, à VASP?
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Diretoria representa a empresa VARIG,
então deverá ser a sua Diretoria.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento n.º 025/02, de
autoria do Ver. Adeli Sell.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Carlos Nedel, presidindo os
trabalhos, esta Casa, não faz muito, prestou uma homenagem à VARIG e agora está
prestes a aprovar uma Moção de Repúdio à empresa que ela homenageou. Eu até
acredito que o melhor seria retirar a Moção, porque esta Casa vai ser
criticada, e muito, porque não sabe o que aprova.
Numa
determinada época, que não está muito distante, aprovou aqui uma homenagem aos
75 anos da VARIG e agora aprova uma Moção de Repúdio. Todos nós sabemos, Ver.ª
Maristela Maffei, que as empresas aéreas nacionais passam, todas elas, por uma
grande crise. Eu acredito que uma das empresas nossas que, entendo, mereceria
críticas aqui desta Casa é uma que mantém ou manteve, durante muito tempo,
algumas aeronaves que não ofereciam nenhum tipo de viagem segura para as
pessoas e esteve provocando uma série de acidentes, e a prova disso é que ela
está trocando todas as suas aeronaves agora, que é o caso da TAM. As outras
tentam manter-se, e há algumas que tentam, inclusive, ressuscitar, mas as que
tentam se manter, Ver. Elói Guimarães, têm de ser bem fiscalizadas, para que
elas não negligenciem a área da segurança. Agora, o empresário, quando ele se
aperta, quando vem a crise, ele procura, de alguma forma, fazer com que o seu
caixa novamente entre em dia, e uma das primeiras coisas que ele faz é diminuir
pessoal; não é o caso apenas da VARIG, isso são exemplos mundiais, e se me
derem uma nova fórmula para se tratar as questões empresariais... Ora, eu não
conheço nenhuma empresa do mundo que consegue tratar as suas questões de forma
diferente: se está em ascensão acaba contratando pessoas, mas, se está num
processo de crise, acaba demitindo pessoas, e todas as empresas são assim. Se
nós formos criticar as empresas por terem esse hábito, nós temos que criticar
todas as empresas, nós temos que dar para elas, também, qual é o remédio que
elas deveriam utilizar para superarem as suas crises.
Então,
o que eu vou pedir ao meu nobre amigo, Ver. Adeli Sell, homem que tem tantas
idéias brilhantes aqui tramitando nesta Casa, e que vem até aqui a esta tribuna
muitas vezes para nos elucidar sobre a vida deste Município de uma maneira
realmente muito sábia, muitas e muitas vezes, é o seguinte: dessa vez, Ver.
Adeli, V. Ex.ª daria uma ajuda muito grande a esta Casa se não prosseguisse com
a votação desse Requerimento, dessa Moção de Repúdio à VARIG. Acho que o melhor
seria que esta Casa pudesse criar agora uma fórmula de nós não votarmos esta
Moção de Repúdio, porque eu acho que nós vamos realmente cometer um ato que
apenas vai deslustrar a história desta Câmara. Nós estamos repudiando alguém
que nós homenageamos com veemência há bem pouco tempo.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para encaminhar o Requerimento n.º 025/02, de autoria do Ver. Adeli Sell.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nome
da minha Bancada, o PDT, compareço a esta tribuna e passo a ler o teor da Moção
de autoria do Ver. Adeli Sell. (Lê.) “O Vereador que este subscreve requer a V.
Ex.ª que, após os trâmites legais, seja manifestada Moção de Repúdio pela
demissão dos pilotos da VARIG e de toda a Diretoria da Associação de Pilotos da
VARIG”, com carta ao Presidente da VARIG, comunicando repúdio a esta ação
específica, e à Senadora Emília Fernandes. Ainda é Senadora, está no mandato,
vamos respeitar as instituições, Vereador. Mas gostaria de dizer o seguinte:
parece que qualquer moção, quando atinge uma dessas grandes estruturas, aqui na
Câmara cai o mundo. Cai o mundo! Ora, se a Direção da VARIG tomou uma posição
contra os trabalhadores, demitindo a Diretoria do seu Sindicato, da Associação
dos Pilotos na sua totalidade, e se esta Casa manifesta solidariedade aos
pilotos demitidos, dizem que os Vereadores estão se confrontando com a VARIG,
essa instituição extraordinária. Eu quero dizer a V. Ex.as que
aplaudo permanentemente a VARIG. Participei da Sessão Solene em homenagem à
VARIG, reconheço as tradições e a história da Viação Aérea Rio-Grandense e os
momentos difíceis pelos quais passam a aviação brasileira e mundial. Agora,
Ver. Elói Guimarães, V. Ex.ª, que é um dos expoentes do trabalhismo nesta Casa,
V. Ex.ª, que se embasa na sua biografia política como defensor das idéias de
Getúlio Vargas e de todo o conjunto de propostas que ele implementou desde
1930, como a Consolidação das Leis do Trabalho, que estabeleceu uma série de
garantias aos trabalhadores, V. Ex.ª, que tem toda uma história, vem e diz:
“Olha, mas isso é muito grave, estamos repudiando a VARIG...” Ninguém está
repudiando a VARIG, Vereador. Está-se repudiando uma ação, um ato de parte da
diretoria de uma instituição séria, que merece todo o nosso respeito, que
demitiu toda a diretoria de uma entidade sindical e vem demitindo pilotos dessa
instituição, que são a base e a sustentação dessa estrutura, da história da
VARIG, que foi construída pelos seus trabalhadores. Agora, Vereador, vamos
votar, vamos repudiar, não vamos virar, aqui, sindicato patronal. Vereador, qualquer
coisinha que atinja uma empresa, aqui, rapidamente surgem vários Vereadores que
se colocam de forma categórica: “Não, não podemos mexer com a VARIG, com a
FIERGS, com a FIESP.” Quem gosta dessas instituições, Vereador, neste momento,
é o Sr. Luís Inácio Lula da Silva e o PT. Como diz o Dr. Brizola: “Essa gente,
o PT, há horas vem costeando a cerca pelo lado de lá, para o lado dos patrões.”
Eles estão gostando dos patrões. O PT está gostando é dos patrões.
Agora,
Vereador, retornando, aqui, nós estamos defendendo a iniciativa do Ver. Adeli
Sell, até que é muito singela: Moção de Repúdio específica - pela demissão dos
pilotos da VARIG e de toda a Diretoria da Associação de Pilotos da VARIG.
Vereador,
eu pediria a V. Ex.ª que contivesse os arroubos de uma Vereadora que não se
contém; ela é muito inquieta e o senhor sabe que não se pode dar Questão de
Ordem quando há um orador fazendo encaminhamento da tribuna. Ela, pelo menos,
deveria conhecer esse procedimento normal e regimental. Que se aquiete e que
logo depois de este Vereador se manifestar, então, ela terá o uso do direito
irrestrito e amplo da palavra e de defesa.
Agora
eu gostaria de dizer, Ver. Adeli Sell, que a Bancada do PDT vai votar
favoravelmente à Moção de V. Ex.ª porque é muito clara.
Eu
acho que nós temos de começar a repensar, Ver. Elói; nós do PDT e do PTB, que
estamos nos aproximando novamente, temos de defender mais o trabalhador e menos
o patrão. Nós temos de começar a repensar esse desvio, alguns setores, às
vezes, se entusiasmam um pouco na defesa dos patrões e começam a cometer uma
série de equívocos. Vou fazer um apelo a V. Ex.ª: nós, inspirados na doutrina
de Alberto Pasqualini, preservamos e estimulamos o entendimento entre o capital
e o trabalho; mas sabemos que o trabalho, Ver.ª Maristela Maffei, tem
proeminência sobre o capital. Essa é a lição mais clara, mais cristalina das
lições de Alberto Pasqualini e do trabalhismo na sua doutrina mais pura.
Portanto,
Sr. Presidente, agradeço-lhe pela benevolência e grande sensibilidade, Ver. Nedel.
E quero dizer que a Bancada do PDT vota com a manifestação de V. Ex.ª, que não
é contra a VARIG, é contra um ato da Diretoria da VARIG, Vereador; e não vão
mudar. O Ver. Braz tentou aqui desvirtuar, dizer que é contra a VARIG... Não é
nada disso. É contra um ato específico de intolerância, de violência, praticado
contra os trabalhadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Eu gostaria de observar a V. Ex.ª, por
recomendações do Ver. José Fortunati, nosso Presidente, que não é permitido
citar candidatos na tribuna. Nós estamos em campanha eleitoral e podemos estar
sujeitos a penalidades do Tribunal Regional Eleitoral. Obrigado, Vereador.
Em
votação nominal, solicitada pelo Ver. João Antonio Dib, o Requerimento n.º
025/02, de autoria do Ver. Adeli Sell. (Após a apuração nominal.) APROVADO por 10 votos SIM, 06 votos NÃO e 03 ABSTENÇÕES.
Em
votação o Requerimento n.º 149/02, de autoria da Mesa Diretora. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Em
votação o Requerimento n.º 150/02, de autoria do Ver. Dr. Goulart. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Em
votação o Requerimento n.º 148/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Apregoamos
Requerimento do Ver. Dr. Goulart que requer que seja votado em destaque o art.
2.º do PLL n.º 055/02.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
0410/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 012/01, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que
dispõe sobre a oficialização do Brique de Sábado da Av. José Bonifácio no
Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emendas nºs 01 e 02.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto e das
Emendas nºs 01 e 02;
- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto e
das Emendas nºs 01 e 02;
- da CUTHAB. Relatora Ver.ª Maristela Maffei: pela aprovação do Projeto
e das Emendas nºs 01 e 02;
- da CECE. Relatora Ver.ª Sofia Cavedon: pela aprovação do Projeto e das
Emendas nºs 01 e 02;
- da CEDECONDH. Relator Ver. Almerindo Filho: pela aprovação do Projeto
e das Emendas nºs 01 e 02;
- da COSMAM. Relator Ver. Dr. Goulart: pela aprovação do Projeto e das
Emendas nºs 01 e 02.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
em 28-08-02.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n.º 012/01. (Pausa.)
Não há quem queira discutir. Em votação. O Ver. Nereu D’Avila está com a
palavra para encaminhar o PLL n.º 012/01.
O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, João Carlos Nedel, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero apenas usar a tribuna para saudar os
representantes do Brique da Redenção de sábado. Da última vez, fui um pouco
exaltado, peço escusas, já expliquei; o próprio Ver. Oliboni, autor,
compreendeu. O compromisso que assumi, como todos na minha vida até hoje, graças
a Deus, através da minha palavra, cumpri, mesmo que se tratassem de assuntos ou
situações complexas, mas, dada a palavra, essa é para ser cumprida e não
renegada. Subo à tribuna para dizer ao Ver. Oliboni que o parabenizo pela
iniciativa, porque está a feira organizada, aceita pela população,
disciplinada. Não estão todos aqui, mas os representantes são suficientes,
porque têm representatividade, aos quais saúdo por estarem aqui na Câmara há
mais de três horas. Mas esse processo legislativo é demorado mesmo, e solicito
que vocês levem aos demais, que são em número regular, que os visito
seguidamente, a nossa saudação, porque sei que esse espaço público está sendo
bem aproveitado, assim como a feira de domingo, que se implantou e se organizou
– e com ela já se acostumou o povo. Trabalham disciplinadamente os expositores,
os que participam desta feira.
Portanto,
quero ser breve e dizer que também falei ao Ver. Aldacir Oliboni: “Vereador,
vamos aguardar as eleições” - pois S. Ex.ª era candidato, e fez boa votação -
“para que não fique nenhuma suspeita de que está-se colocando em votação apenas
para beneficiá-lo”, o que não era o caso. O Vereador compreendeu e eu, naquela
situação, fiz um acordo que, hoje, cumpro. Disse ao Ver. Oliboni: “No primeiro
dia depois do dia 6 pode colocar em votação que eu defenderei.” Estou aqui para
dizer, como sempre fiz, que, dito, cumprido. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Em votação nominal o PLL n.º 012/01,
solicitada pelo Ver. João Antonio Dib, com ressalva das Emendas n.º 1 e n.º 2.
(Após a apuração nominal.) APROVADO por
23 votos SIM.
Em
votação as Emendas n.ºs 01 e 02 apostas ao PLL n.º 012/01, que poderão, se não
houver objeção, ser votadas em bloco, em virtude da sua aprovação pelas
Comissões. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam as Emendas n.ºs 01 e 02, em
bloco, permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS,
por unanimidade.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
1211/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 055/02, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que
institui o Dia de Conscientização da Doação de Córneas no Município de Porto
Alegre.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relatora Ver.ª Sofia Cavedon: pela aprovação do Projeto;
- da COSMAM. Relator Ver. Ervino Besson: pela aprovação do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
em 11-09-02.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n.º 055/02, com
ressalva do art. 2.º que será votado em destaque. (Pausa.) Encerrada a
discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
votação o art. 2º, destacado, aposto ao PLL n.º 055/02. Votando “sim” permanece
o artigo no texto, votando “não” retira-se o artigo do texto. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADO o art. 2.º.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
1269/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 064/02, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que
denomina Carrion Júnior o complexo de viadutos de acesso da BR- 602 à nova
Estação de Passageiros do Aeroporto Salgado Filho.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- incluído na Ordem do Dia
em 26-08-02;
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n.º 064/02. (Pausa.)
Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
por unanimidade.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
1743/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 072/02, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título
honorífico de Líder Comunitário ao militante social João Gomes Branquinho.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relatora Ver.ª Maria Celeste: pela aprovação do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
em 02-09-02.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR n.º 072/02. (Pausa.)
Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
por unanimidade.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h03min.)
* * * * *